Preços do feijão devem se manter em alta até abril

Retração na área plantada da safra verão e perda de produtividade impulsionaram valoresOs preços do feijão devem se manter em alta até abril, quando começa a entrar no mercado a segunda safra, em fase inicial de plantio. A retração na área plantada da safra verão, cuja colheita está sendo concluída, e a perda de produtividade por conta das adversidades climáticas impulsionaram os preços do feijão carioca para R$ 160 a saca de 60 quilos, valor bem acima da média histórica de R$ 85 para esta época do ano.

O levantamento feito em janeiro pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostra um recuo de 10,4% no plantio de verão do feijão, para 1,272 milhão de hectares, a menor área para a primeira safra da leguminosa dos últimos cinco anos. O analista Marcelo Eduardo Lüders, operador da Correpar, corretora paranaense de mercadorias, explica que a perda de área do feijão no cultivo de verão se deve aos baixos preços ano passado. Os produtores optaram pelo milho, cujos preços estavam mais atrativos na época do plantio.

Marcelo Lüders comenta que a situação do abastecimento neste início do ano se complicou ainda mais por causa da estiagem que castigou a região Sul e do excesso de chuvas em Minas Gerais e São Paulo, que provocaram quebra das produtividades. A expectativa, na opinião do analista, é de aumento expressivo na segunda safra, pois os preços “são altamente estimulantes”. Ele prevê que a pressão do feijão nos índices de preços deve se restringir até meados de abril, quando começa a colheita. “A oferta de feijão tende a ser normalizar ao longo deste ano se não tivermos novos problemas climáticos.”

O analista comenta que não existem estoques para abastecer o mercado neste momento de redução da oferta. No caso do feijão preto, o governo zerou os estoques com leilões em dezembro e janeiro. As importações representam 25% do consumo nacional de feijão preto. Os dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que no ano passado o Brasil importou 172,9 mil toneladas de feijão preto, sendo 102,4 mil toneladas da Argentina e outras 56,7 mil toneladas da China.

Na opinião de Marcelo Lüders, as importações de feijão preto limitam a alta de preços e não estimulam o aumento da produção. Ele explica que os pequenos agricultores da região Sul, que são os que mais produzem feijão preto, têm a alternativa de cultivar milho, fumo ou batata.

Marcelo Lüders explica que no caso do feijão carioca é mais difícil fazer estocagem, pois o produto perde qualidade e preço na medida em que passam os meses após a colheita. Por isso o brasileiro prefere consumir o feijão carioca novo, “clarinho”. Ele diz que o governo tem 55 mil toneladas de feijão carioca em estoque, que não consegue vender ou doar. Mesmo em caso de doação humanitária para países pobres é difícil.