Uso de pó de rocha como fertilizante é saída para agricultura, dizem especialistas

Adoção da prática da rochagem foi tema da Comissão de Meio Ambiente do Senado na última semanaA utilização de pó de rocha como fertilizante e corretivo do solo, como alternativa para o país reduzir custos de produção da agricultura, foi debatida por especialistas na última terça, em debate na Comissão de Meio Ambiente (CMA) do Senado.

Conforme explicaram os pesquisadores, a prática, conhecida como rochagem, é a incorporação de rochas moídas ao solo, como forma de tornar a terra menos ácida e mais fértil. Quando aplicados no solo, os diferentes minerais existentes nas rochas também ajudam a recuperar solos pobres e a renovar a fertilização das áreas de exploração agrícola.

Antes do plantio das lavouras em 2011, os agricultores brasileiros utilizaram cerca de 28,3 milhões de toneladas de fertilizantes químicos, sendo que mais de 70% são importados. Essa dependência – em especial de nitrogênio, fósforo e potássio (NPK), base da adubação no modelo agrícola predominante no país – foi o centro das preocupações dos especialistas e senadores que participaram do debate.

Conforme alerta da pesquisadora Suzi Theodoro, do Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília (CDS/UNB), qualquer interrupção nesse mercado de fertilizantes convencionais, seja por disputas comerciais ou por eventual envolvimento do Brasil em conflito geopolítico com países fornecedores, a produção agrícola brasileira estará comprometida.

Para o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), que preside a CMA, desenvolver a produção nacional de fertilizantes é uma estratégia de proteção da economia brasileira.

– Para um país que tem grande parte da sua balança comercial sustentada na agricultura, essa dependência afeta a soberania nacional. Investir em alternativa como a rochagem, para substituir parte da fórmula de nitrogênio, fósforo e potássio, é condição para a segurança alimentar – disse.

Para os pesquisadores, o tempo maior de liberação de nutrientes a partir do pó de rocha, em comparação com adubos químicos, é uma vantagem da rochagem, e não um problema, como dizem os críticos.

Legislação

A expansão do uso do pó de rocha no Brasil esbarra na falta de normas para registro dos produtos. Rubim Gonczarovska e Mariana Coelho de Sena, fiscais agropecuários do Ministério da Agricultura, explicaram que o produto não se encaixa nos parâmetros existentes, sendo enquadrado com produto novo, que precisa passar pelos trâmites legais para ser passível de registro.

Para simplificar as normas de comercialização do pó de rocha, o governo estuda flexibilizar o Decreto 4.954/2004, que trata da fiscalização e do comércio de fertilizantes e corretivos de solo. Ao final do debate, Rollemberg informou que a comissão buscará contribuir no processo de atualização da norma.