Produtores de flores comemoram aquecimento do mercado interno

Representantes do setor atribuem aumento nas vendas a uma mudança de comportamento do consumidorAs vendas de flores no mercado interno brasileiro estão em ritmo de crescimento. Segundo representantes do setor, a comercialização já não se restringe a datas especiais, como Dia das Mães e Dia dos Namorados. E o crescimento é atribuído a uma mudança de hábitos dos brasileiros, além do investimento da construção civil em áreas verdes. Levantamento realizado por uma empresa na região de Holambra, em São Paulo, mostra que o mercado do segmento registra ampliação de até 12% ao ano, segundo explica

– Na flor de corte existe um crescimento estrondoso nas decorações, principalmente grandes decorações de casamentos, festas de grande porte. Então, esse crescimento alavancou realmente as vendas. Por outro lado, as construções civis vêm favorecendo também o consumo das plantas de jardinagem, porque as pessoas querem se ambientar, ter um ambiente mais propício ao descanso. A área de lazer dentro da própria casa – diz.

Economicamente, o ano passado rendeu R$ 4,5 bilhões ao mercado. O resultado poderia até ter sido melhor, de acordo com o presidente do Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor), Kees Schoenmaker, não fosse a queda nas exportações registrada em 2011. Pelo terceiro ano consecutivo, houve redução nos embarques, com receita de US$ 28,2 milhões. Já o desembolso com importações foi de US$ 34,35 milhões.

– A razão principal é o câmbio. Qualidade nós temos. Temos oferta o ano todo, inclusive na parte do inverno europeu, para exportar, mas o câmbio não permite. Assim, a gente não consegue concorrer com o Equador, Colômbia ou países africanos – explica.

Analistas deste mercado afirmam que o cenário de exportações não deve mudar em 2012. Estados Unidos, países da zona do euro e Japão têm restrições por causa da crise, mas o mercado interno é favorável. Para alguns profissionais, revela-se desafiador. O agrônomo Tobias de Wit conta que adotou algumas estratégias para atender à demanda. Na empresa onde trabalha são produzidos lírios de uma haste, com destino ao varejo, de três hastes, para floricultura e paisagistas e a variedade da linha bio, que é ecologicamente correta. Ele relata que a sustentabilidade é um diferencial.

– Desde o substrato, o manejo, pulverização sempre indo em uma linha sustentável, onde o substrato seria serra pilheira de floresta de pinus, que é sustentável, de floresta plantada. Quase todo o manejo de adubação, em uma linha orgânica, natural. Controle de pragas e doenças também em uma linha orgânica e natural – discorre.

O gerente da mesma empresa, Marcelo Moraes, diz que são comercializadas mais de 30 variedades.

– Nós estamos em constante mudança. Buscamos estar alinhados com esse mercado. Ele muda, a gente muda – aponta.

O comprador José de Paulo representa uma empresa de São Paulo que possui filiais em outros cinco Estados. O profissional revela que chega a carregar 12 carretas de flores em um único dia.

– Aqui no leilão é procura e oferta. E hoje foi o dia da oferta – diz ele, após a compra de R$ 80 mil em produtos de uma cooperativa.

Durante quatro horas, o leilão do qual Paulo participou movimenta até um milhão em volume de vasos e plantas ornamentais. Em negócios, junto com as vendas diretas da cooperativa, são mais de R$ 300 milhões por ano.