O Instituto Riograndense do Arroz (Irga) realizou uma pesquisa com arrozeiros nas principais regiões produtoras do Estado, e um dos principais pedidos foi o desenvolvimento de tecnologias para a diversificação das atividades em áreas de várzea.
– Nós estamos dando ênfase neste projeto porque levantamos em mais de 1,1 mil produtores em entrevistas diretas no ano de 2011 em todos os municípios arrozeiros do Estado do RS e eles justamente nos pediram para o Irga investir mais em pesquisa em rotação tanto em soja, milho, sorgo e outras culturas. Se um mesmo produtor explorar diversas culturas na sua propriedade, ele vai ter uma maior rentabilidade e maior estabilidade no processo de gestão financeira porque normalmente as culturas não entram em crise simultaneamente – diz o gerente da divisão técnica do Irga, Sérgio Gindri.
A instituição já estuda a adaptação da soja em terrenos de várzea há 20 anos, mas um novo equipamento pode fazer a diferença. Uma empresa gaúcha desenvolveu um implemento que, adaptado a uma semeadora comum da marca, constrói o camaleão, que mantém a planta da soja mais elevada em relação ao solo.
– O principal diferencial é justamente o camaleão: é plantar, viabilizar o plantio de soja em terras de várzea onde comumente só é plantado arroz, porque existe o problema de excesso hídrico em anos de muita chuva. Em anos de muita seca também a soja não desenvolve, porque ela precisa de uma determinada quantidade de água, e essa máquina vem a solucionar esse problema. Isto viabiliza tanto drenar rápido, não acumular água muito perto da planta, como também largar água rapidamente e umedecer a planta quando necessário – avalia o supervisor de vendas Antonio Souza.
Os pesquisadores conseguiram alcançar, em algumas área de teste, produções superiores a quatro toneladas de soja por hectare. E o grão ainda deixa benefícios para a cultura do arroz.
– Os principais, além de ter a soja como fonte de renda na propriedade, é ter uma lavoura com menor infestação de plantas daninhas no cultivo de arroz, na sequencia cultivado após a soja. Também propicia a otimização do uso de máquinas e da terra. Na região produtora de arroz, nós temos muitas áreas que permanecem em pousio. E a soja pode estar entrando nestas áreas tendo um benefício financeiro ao produtor e deixando essa área com menor infestação de plantas daninhas para a cultura do arroz semeado na sequencia – diz o pesquisador do Irga, Anderson Vedelago.
Os estudos do Irga apontaram que o arroz cultivado após a soja tem uma produtividade média 15% superior. Tanto pelos nutrientes, como nitrogênio, deixado pela soja no solo, como pela redução da infestação de plantas daninhas. O irga está desenvolvendo agora o mesmo estudo com a cultura do milho.