A estiagem pontual no momento do plantio, a falta de luminosidade durante o desenvolvimento das plantas, o ataque severo de doenças e o excesso de chuvas na hora da colheita são alguns dos fatores que contribuíram para o menor rendimento no campo. Os maiores impactos devem ser registrados na região médio-norte do Estado, onde choveu muito e a pressão da ferrugem asiática sobre as lavouras foi intensa. Em Nova Mutum, a 240 km de Cuiabá, as plantações ocupam 350 mil hectares e 52% da lavoura foi colhida.
O produtor rural Vicente Luiz Costa Beber plantou 3,4 mil hectares de soja em Nova Mutum e já colheu 2 mil hectares. Ele diz que se o tempo tivesse ajudado, teria colhido pelo menos 500 hectares a mais. Além do cronograma atrasado, o rendimento da lavoura está menor que o previsto. Cada hectare da propriedade produziu uma média de 55 sacas, sete a menos que o planejado.
Além do potencial produtivo, a qualidade dos grãos também preocupa. O presidente do Sindicato Rural de Lucas do Rio Verde, Alcindo Uggeri, alerta para a elevada incidência de grãos ardidos. Há casos de produtores que colheram até 30% dos grãos nestas condições, que comprometem a receita do homem do campo.
Os resultados obtidos nas lavouras devem provocar reflexos no mercado da commodity. Esta é a expectativa do diretor da Central de Comercialização de Grãos da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Gross (Famato), João Birkhan. Ele aponta que o descompasso entre oferta e demanda mundiais por soja pode ficar ainda maior que o estimado.
Apesar do menor rendimento no campo, a Aprosoja prevê uma produção maior que a do ciclo passado, já que a área ocupada pelas lavouras em todo o estado aumentou 9%. Ainda restam mais de 3,3 milhões hectares de soja para serem colhidos em Mato Grosso.