O desafio é sair de uma conta que vem acumulando a cada fechamento de safra. Custo de produção e dívida se tornam uma equação difícil de ser solucionada. Com a renda menor no campo, a arrecadação cai na cidade. Pelo menos 20 municípios do sul mineiro decretaram estado de emergência.
? A arrecadação municipal perdeu R$ 60 milhões no ano passado por causa do café ? diz o secretário de Agropecuária e Meio Ambiente de Três Pontas, João Aleixo Ferreira Peret.
O produtor Mauro Vitor, por exemplo, tem 80 hectares. Esperava colher 1,8 mil sacas no último ano, mas conseguiu apenas 350. O jeito foi buscar no banco a prorrogação de uma divida de R$ 91 mil que venceu no dia 30 de dezembro de 2008. Ele recebeu sinal positivo de Brasília, mas na agência local não foi atendido e perdeu o prazo.
A equipe de reportagem do Canal Rural foi recebida por representantes de 10 sindicatos da região de Três Pontas que estavam reunidos. A economia do município gira em torno do café.
O manual de crédito rural deixa claro que é direito do produtor pedir prorrogação da dívida em caso de frustração de safra. O presidente do Sindicato de Nepomuceno (MG) e cafeicultor Eli Tonelli perdeu 60% da produção e enviou todos os documentos necessários para o Banco do Brasil com laudo da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater). É o exemplo do descaso.
? Eu queria ter uma resposta por escrito do banco dizendo por que não me atende e porque não cumpre a lei se ela existe para todos. Eles não dão satisfação e começam a ameaçar o produtor com o Serasa. É terrorismo o que estão fazendo com a gente ? diz Tonelli.