Produtores de laranja buscam alternativas ao carbendazim

Preços mais altos ainda são barreiras para a substituição do fungicida que tem níveis restritos pelos Estados UnidosCom a recomendação do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) para que os produtores de laranja suspendam o uso do fungicida carbendazim, a opção é buscar no mercado alternativas ao defensivo. A medida foi tomada em função da rejeição dos Estados Unidos a cargas de suco brasileiro que continham níveis da substância acima do permitido no país. Entretanto, produtos como estrobirulina e cúprecos, à base de cobre, chegam a custar até 40% mais do que o carbendazim, que é genérico e importado da

A previsão da Associação Brasileira dos Defensivos Genéricos, no entanto, estima que o valor mais alto pago principalmente pela estrobirulina deve cair nos próximos anos, conforme o presidente da entidade, Túlio de Oliveira.

– A própria estrubilurina, a patente, já venceu. Então, ela está entrando naquela fase e vai começar a ter produtos de outras indústrias que não a original. Logo vai ser um genérico também – pontua.

Os defensivos cúpricos já são genéricos, mas isso não garante preços menores para os citricultores. Isso porque o produto tem como base o cobre, que é uma commoditie negociada no mercado internacional, e apresenta variação de preços diariamente.

– No caso específico do citrus e pinta preta tem um produto que era usado no passado, antes do carbendazin, que é óxido de cloreto de cobre. Sempre foi usado e só perdeu espaço por causa do preço. Subiu no mundo inteiro e afetou este defensivo agrícola. Ultrapassou o carbendazin, que passou avender mais. Agora volta ao estado inicial. Vai se vender muito óxido de cloreto de cobre – diz.

A pesquisadora Mariana Vilela Lopes afirma que, enquanto novos defensivos não forem lançados, o caminho é investir na eficácia dos produtos que já estão à disposição do produtor.

– Uma das buscas hoje das empresas é estar sempre melhorando os produtos, visando melhorar o controle, além de trazer benefícios para o agricultor. No caso dos cúpricos, a gente pode estar aperfeiçoando estes produtos por meio da formulação, onde hoje existem duas patentes com relação às formulações à base de suspensão concentrada, que buscam mais adesividade e maior persistência do produto na planta. Melhora a eficácia e ajuda no manejo da doença – explica.

Para o gerente técnico da Associação Nacional das Indústrias Produtoras de Defensivos Agrícolas (Andef), Guilherme Luiz Guimarães, a principal barreira para o setor é a demora na aprovação e liberação de novos produtos. Segundo ele, o prazo seria de 120 dias, mas chega a 38 meses. Ele diz que pelo menos mil processos tramitam simultaneamente no Ministério da Agricultura, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

– O importante é que o agricultor sempre tenha opções, que dêem a ele pelo menos três alternativas de preço de controle em diversas épocas de cultivo e controle da resistência. Ela parece muito rápida se você tiver uma ou outra alternativa. Então, quanto mais ativos estiverem no mercado, é mais interessante para o agricultor – aponta.