– O principal negócio do Brasil é convencer os donos de capital de que o agronegócio é um investimento que dará retorno. As perdas na safra de soja desse ano é apenas um acidente de percurso. Nós vamos voltar no próximo ano com resultados positivos – disse Pessoa, que é o idealizador do Rally da Safra.
Em sua apresentação intitulada “Agro para o Negócio”, o engenheiro agrônomo mostrou dados que mostram que a estrutura de produção agropecuária brasileira está se modificando. Segundo ele, grande parte dos produtores e de empresas ligadas ao setor já utiliza o crédito agrícola apenas por uma decisão de gestão financeira e não mais por necessidade, como ocorria anteriormente.
– Essa é uma mudança extraordinária. Além disso, muitos grandes produtores se transformaram em megaprodutores, apresentando um rápido crescimento com capitalização e vendo a abertura de capital como uma alternativa – avaliou Pessoa.
O diretor executivo da Agroconsult explicou que muitos médios e grandes produtores optam por continuar na própria região, investindo na estrutura da própria propriedade. Desse modo, o dinheiro começa a ir para o desenvolvimento de negócios nas cidades em que eles moram.
– Este movimento está transformando muitas cidades do país. O índice de desenvolvimento humano está subindo – defendeu.
Uma outra mudança é na gestão das cooperativas, que estão criando empresas espelho melhorar os negócios e prestar algum serviço.
Economia mundial
Também participou do 23º Fórum Nacional da Soja o analista Alexandre Mendonça de Barros, da MB Agro, que apresentou a palestra Perspectivas da macroeconomia internacional e seus efeitos sobre os mercados agrícolas. Ele mostrou que foi a exportação de commodities que fez com que a economia brasileira tivesse crescimento nos últimos anos.
Barros explicou que todos os países da Ásia estão com uma economia maior devido ao consumo americano, que gerou demanda industrial por muitos anos.
– A sociedade asiática poupa muito e gera um excedente exportável que vai para outras partes do mundo – disse.
Ele lembrou que, conforme a China foi aumentando a produtividade, os preços industriais caíram no mundo inteiro. Com a expansão, essa sociedade asiática – em especial China, Japão, Índia e Coreia – consome mais commodities.
– Os preços das commodities sobem mais do que os preços industriais. Foi isso que tirou a economia brasileira do “marasmo”. Houve um choque de renda pela saída de commodities do país, o que permitiu a economia brasileira andar – declarou o analista financeiro.
Do ponto de vista geopolítico, o Brasil está em vantagem devido ao seu potencial na produção de alimentos.
– Ásia e oriente médio são importadores de alimentos. É uma questão de segurança alimentar. E esse buraco só tende a crescer. Essas mudanças estruturais fortes já estão se consolidando.
Resta para a agropecuária brasileira aproveitar a oportunidade trazer mais crescimento econômico para o país.
O 23º Fórum Nacional da Soja também contou com a presença do pesquisador Mário Antonio Bianchi, que ministrou uma palestra técnica sobre o controle de plantas daninhas resistentes a herbicidas.