Queda nos preços do boi gordo é destaque no Circuito Feicorte

Pecuaristas de Mato Grosso se dizem insatisfeitos com a cotação da arroba no EstadoA queda no preço da arroba do boi gordo em Mato Grosso foi assunto de destaque nesta quinta, dia 8, no Circuito Feicorte 2012, em Cuiabá (MT). Pecuaristas demonstram insatisfação com as cotações, que chegam a ser, em média, 10% menores do que no começo do ano passado. Nos últimos sete dias, o recuo chegou a quase 2%. O aumento no índice de abates também esteve na pauta do último dia de evento. Entre dezembro de 2011 e janeiro deste ano, o número de animais abatidos saltou de 429 mil para 464 mil

Sobre os preços da arroba, o comprador de gado do frigorífico Marfrig, Ricardo Maluf, afirma que há boa expectativa. Ele diz que as cotações são definidas pela relação entre oferta e demanda e devem subir nos próximos meses, com a chegada da entressafra.

Para as lideranças da classe produtora, apenas esta explicação não convence. A pressão nos preços também estaria relacionada a outros fatores, conforme o superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari.

– O que aconteceu efetivamente em Mato Grosso não é só coisa de mercado. Simplesmente oferta e demanda não fariam o boi recuar 15% em dois meses. Existe um problema sério, que é a concentração. A falta de concorrência pressiona preço e isso é componente que traz reflexos no Estado – aponta.

Não apenas os produtores de Mato Grosso estão insatisfeitos com as cotações. Pecuarista de Mato Grosso do Sul, José Lemos Monteiro também reclama dos preços praticados no Estado e diz que produtores estão pagando para trabalhar. Ele diz que os custos de produção chegam a R$ 100,00, com uma venda a R$ 87,00, em contrapartida.

Nos dois Estados, a cotação atual do boi gordo é inferior aos quase R$ 94,00 pagos pela arroba no começo do ano passado. Na opinião do gestor do Imea, Daniel Latorraca, a explicação para este cenário está ligada ao aumento da demanda pelo produto.

– Abatemos um nível de animais não visto desde 2007 em janeiro deste ano. E, se isso se mantiver, a tendência é superar os cinco milhões. Esta queda tem tudo a ver com aumento da demanda e é repassada menor para o varejo. Com isso, conseguimos atingir número maior de consumidores – afirma.