Salles, que é secretário de Agricultura da Bahia, disse que o Conseagri entregou ao ministro a reivindicação de prorrogação por dois anos das parcelas dos financiamentos de custeio e investimento que vencem neste ano, por causa da incapacidade de pagamento de pequenos, médios e grandes produtores rurais. A mesma pauta seria entregue ainda nesta terça pelos secretários ao ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas (PT-RS).
Segundo o secretário, atualmente existem 200 municípios baianos em estado de emergência. Ele disse que há três anos as chuvas estão irregulares e desde o final do ano passado não chove em regiões da Bahia.
– Sou engenheiro agrônomo e na minha vida inteira nunca vi uma seca como esta. Falta água para consumo humano e para matar a sede dos animais. Existem frigoríficos de caprinos e ovinos que estão abatendo 80% de fêmeas – conta.
Salles disse que algumas ações emergenciais estão sendo adotadas na Bahia e em outros Estados nordestinos, com a construção de cisternas e distribuição de alimentos por parte da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Ele observa que, além da questão social, também existe o impacto econômico, com as perdas na produção de soja e algodão no sudoeste baiano, que ainda estão sendo mensuradas.
A agricultura irrigada também está sofrendo com a seca. Salles comentou que o governador da Bahia, Jaques Vagner, suspendeu o uso pelos agricultores de duas barragens, que só podem ser utilizadas para consumo humano e animal. Os agricultores serão indenizados pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codesvaf). Na região da Chapada da Diamantina, tradicional produtora de hortaliças, o uso da agricultura irrigada caiu 30%, por causa da falta de chuvas.
Os secretários de Agricultura pedem uma solução definitiva para o problema da seca na região Nordeste. Salles diz que o governo federal deve aproveitar o momento para lançar “o PAC do Semiárido”, para que os agricultores possam contar com estruturas de adutoras e barragens definitivas.
– É preciso ações estruturantes, para que a gente não tenha, a cada ano, “soluços de soluções” para o Nordeste – diz o secretário.
Sul
No Rio Grande do Sul, 360 municípios estão em situação de emergência. A estiagem, também continua em Santa Catarina.
A longo prazo, o Ministério da Agricultura quer investir na regionalização das políticas públicas. A idéia é que os secretários estaduais sejam parceiros na aplicação dessas ações, que serão criadas levando em conta as características de cada Estado.
— Acredito que nós vamos caminhar juntos e de forma muito sintomática na definição da política agrícola brasileira — disse Mendes Ribeiro Filho.
> Assista à série de reportagens produzidas pelo Canal Rural sobre a seca no semiárido nordestino