Técnicos russos e brasileiros realizarão teleconferência para debater embargo às carnes do Brasil

Reunião é nova tentativa de pôr fim à restrição da Rússia aos produtos brasileirosA próxima etapa nas negociações para retirada das restrições impostas pela Rússia às importações de carnes brasileiras será a realização de uma teleconferência entre os técnicos da defesa agropecuária dos dois países, dentro dos próximos 10 dias, para definir a vinda de mais uma missão russa que irá vistoriar frigoríficos.

A continuidade das conversas por meio de teleconferência foi definida na reunião realizada na segunda, dia 2, em Buenos Aires, entre o secretário de Defesa Agropecuária, Ênio Marques Pereira, e o chefe do serviço sanitário russo (Rosselkhoznadzor), Sergey Dankvert, que na ocasião cumpria agenda de inspeção na Argentina.

Além de definir a vinda de mais uma missão ao Brasil (a última veio entre novembro e dezembro do ano passado e visitou frigoríficos em Mato Grosso, Goiás e São Paulo), os técnicos devem definir mais dois pontos na equivalência das normas sanitárias entre os dois países.

Em abril, completam 10 meses de vigência do embargo russo às compras de carnes de frigoríficos localizados em Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul. A suspensão foi anunciada em maio do ano passado e entrou em vigor em junho, sob alegação de “questões técnicas”.

Segundo balanço divulgado pelo Ministério da Agricultura, dentre as 139 plantas frigoríficas habilitadas pelo serviço sanitário russo apenas 48 atualmente estão autorizadas a exportar para aquele mercado, sendo que as originárias de 40 estabelecimentos estão submetidas a controles mais rígidos por parte do Rosselkhoznadzor.

A restrição atinge mais os frigoríficos exportadores de carne suína, pois das 21 plantas habilitadas apenas 4 estão autorizadas pelos russos, sendo duas sobre vigilância rígida. Dos 68 frigoríficos de bovinos autorizados 39 podem exportar para os russos, mas as cargas de 26 plantas têm que passar pela análise Rosselkhoznadzor antes de serem comercializadas. Os frigoríficos de aves habilitados pelos russos somam 50 e destes apenas 15 podem exportar, sendo que 12 estão sobre o controle.

Os dados sobre as exportações brasileiras mostram que o setor de carne suína sofre o maior impacto das restrições impostas pela Rússia. Até o ano passado o mercado russo respondia por 45% das vendas brasileiras de carne suína. O balanço relativo ao primeiro bimestre deste ano mostra que participação caiu para apenas 12%. As exportações de carne suína para a Rússia nos dois primeiros meses deste ano recuaram 72% em valor e 73% em volume, comparativamente ao mesmo período do ano passado.