Com a medida da ANP, as negociações do mercado spot do etanol anidro devem se tornar mais escassas, o que pode comprometer os indicadores de preço semanal e mensal do etanol anidro.
– Ainda há um volume de negócios suficiente no spot para dar informações aos indicadores existentes, mas se houver necessidade vamos responder a essa mudança da forma de comercializar imposta pelo governo -, explicou Mirian Bacchi, coordenadora da equipe de pesquisadores de etanol do Cepea/Esalq.
Segundo ela, mesmo sem a resolução da ANP, publicada no final de 2011 para garantir o abastecimento do etanol mesmo na entressafra, as distribuidoras já tinham contratos de grandes volumes deste tipo de álcool, que é misturado à gasolina. No ano passado, por exemplo, 70% do anidro das grandes distribuidoras e pouco mais de 50% das pequenas foram vendidos por meio de contratos antecipados.
– Mas quando chegar a necessidade de contratação de 90% do etanol (em 1º de junho), talvez teremos de contemplar os contratos com um novo indicador -, avaliou Mirian.
Ela informou que, um novo indicador para o anidro, somente para o etanol contratado, seria necessário ainda para a formação do indicador de preços do Consecana, que determina mensalmente o valor pago pela usina à cana entregue pelos produtores. O indicador é calculado a partir dos preços do etanol e do açúcar nos mercados interno e externo.
Uma reunião no final da semana passada entre representantes do Cepea/Esalq e de associações de produtores de cana e das usinas iniciou as conversas para a criação desse indicador. Novo encontro está previsto para a próxima sexta, dia 13.
Atualmente, a maioria dos negócios para etanol anidro contratado tem preço determinado na data da entrega do combustível por uma fórmula simples: a soma do valor do indicador diário do etanol hidratado e de um “prêmio” definido pela variação entre os dois combustíveis apurada pela série histórica, já que o anidro é mais caro.
Ainda segundo Mirian, a expectativa é que um possível indicador para o anidro contratado não seja permanente e que um aumento na oferta de etanol com o retorno de investimentos desobrigue medidas como as tomadas pela ANP.
– Esperamos que nas próximas safras tenhamos um volume suficiente de etanol e que não tenhamos mais essa contratação obrigatória – afirma.