O produtor de leite Iraci Ferreira Primo afirma que investe fortemente na produtividade da fazenda. No último ano, diz ter realizado um salto de 400 para 700 litros por dia. Segundo o pecuarista, a expectativa é de aumento no peço já na próxima entrega.
– O preço o está bom, não dá para dizer que está ruim. Mas eu espero chegar ao menos à margem de R$ 0,90 a R$ 1,00 – comenta.
Já a produtora Leila Borges de Araújo, conta que mudou de laticínio para tentar preços melhores, uma vez que recebeu na última remessa R$ 0,75 pelo litro. Ela reclama receber sempre abaixo da média das principais regiões produtoras do país.
– Isso dá uma diferença, pelo volume de leite que eu entrego, de um salário mínimo, então eu tenho que mudar. Com o primeiro tive prejuízo. Não me pagou. O segundo, eu acho que, pela qualidade do meu leite, eu deveria receber mais. Eu já passei para o terceiro e, se não me pagar, vou passar para o quarto – aponta.
Com a evolução do manejo no rebanho, praticamente não existe mais a divisão safra e entressafra. A produção de leite apresenta estabilidade durante o ano e os produtores enfrentam épocas de custo mais alto que o mercado vem absorvendo. O que não muda na prática é a influência do preço do leite em toda cadeia produtiva até na ponta da pirâmide, a venda de genética.
– A gente que trabalha com genética vê que isso é muito sensível. Na venda de tourinhos, quando o mercado está aquecido, principalmente os tourinhos melhoradores de alta produção, existe uma procura bem correlacionada com o preço do produto. Quando o valor fica abaixo do desejável, esses compradores somem – pontua o pecuarista João machado Prata.
Prata trabalha com genética de Gir e diz que o preço deveria influenciar menos na hora de o produtor investir para melhorar a produtividade. Segundo ele, falta planejamento a longo prazo, já que o mercado é feito de ciclos.
– Dentro de uma safra posterior, a gente falava em sete anos de vaca gorda e sete anos de vaca magra. Hoje passou para dois anos e meio de vaca gorda e dois anos e meio de vaca magra. Então, isso tem esta correlação, então quando o elemento deixa de usar melhoradores, seja para corte ou leite, ele provoca um choque futuro dentro dessa produção. Às vezes, nós poderemos passar para três anos de vaca gorda e três de vaca magra e não os dois e meio – discorre.