Barreira, safra e alto custo afetam indústria de máquinas agrícolas no RS

Pelo menos 429 trabalhadores foram dispensados no último ano no Estado, mas sindicato das indústrias nega crise no setorEm um ano, pelo menos 429 trabalhadores de fábricas de máquinas agrícolas foram demitidos no Rio Grande do Sul. Por trás desse número estão fatores como a perda de competitividade da indústria brasileira, a dificuldade de exportação para a Argentina e investimentos em automação.

Para o diretor da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores Milton Rego, a dificuldade de exportação para a Argentina – por conta de restrições a importações como licenças não automáticas e mais burocracia – tem relação com os problemas enfrentados pelo setor e impacta na produção.

– Enquanto as vendas para o Mercosul representam 70%, as negociações com os argentinos, sozinhas, alcançam 30%. Não se consegue desviar a produção para outros mercados – afirma o executivo, também diretor de comunicações e relações externas da CNH.

Aliado às oscilações do mercado no intervalo entre safras, esse fator pode ter afetado a filial da John Deere em Horizontina, focada na produção desses equipamentos.

Em um ano, a empresa anunciou 374 demissões. Desse total, só na última semana foram 40. Em nota, a empresa afirmou que a redução “visa a ajustar a força de trabalho aos ciclos de produção” e que irá manter projetos no Estado.

Avanço dos importados no mercado brasileiro

– Há um investimento muito forte em modernização. Em setores onde antes trabalhavam seis pessoas, hoje existem no máximo quatro – afirma o secretário-geral do dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas Mecânicas de Horizontina, Jorge Ramos.

De acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas, Claudio Bier, as últimas demissões não chegam a ser expressivas, tampouco indicam crise no setor.

O vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos no Rio Grande do Sul, Hernane Cauduro, atribui a onda de demissões à perda de competitividade da indústria brasileira. A demanda de máquinas “diminuiu porque os produtos importados estão suprindo uma fatia do mercado que antes era brasileira”.

O setor de máquinas foi um dos beneficiados pelo Plano Brasil Maior, anunciado na semana passada, com alívio de impostos sobre a folha de pagamento, com a condição de manter o nível de emprego. Cauduro, porém, considera as medidas anunciadas pelo governo paliativas e insuficientes para combater o problema da indústria nacional.