A cadeia da soja (incluindo o grão e seus derivados) respondeu por mais da metade do IGP-10 no mês. No Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), a commodity representou dois terços da alta de 0,76% no mês.
– Minha leitura é que essa subida forte do IGP-10 não deve se consolidar. É um movimento temporário, porque está muito concentrada em um único produto. A trajetória de alta pode se manter, mas não em patamar tão elevado -, avalia o coordenador do Núcleo de Índices Gerais da FGV, Salomão Quadros.
A alta de abril é o maior aumento mensal do índice desde março de 2011, quando chegou a 0,84%. A taxa do mês atual também foi superior à do mesmo período do ano passado (0,56%), elevando o acumulado de 12 meses do índice, que voltou a subir.
Para Quadros, há uma mudança de curso na economia global, com possibilidade de melhora na situação da Europa, com a China preocupando menos e com o final da trajetória de queda das commodities. Isso significa, segundo ele, o fim da desaceleração das taxas dos IGPs em 12 meses – índices agora em nível bem mais confortável que no início de 2011.
– Não há chance de voltarmos aos dois dígitos -, diz Quadros.
Alguns itens deverão pressionar os preços no varejo nos próximos meses, como cigarro e medicamentos, já que haverá repasse da alta do IPI e reajuste de preços, respectivamente. A alta da soja também deve se refletir de forma mais intensa no preço do óleo de soja nas gôndolas, o que ainda não ocorreu. Quadros aponta, entretanto, que o país ainda não está em fase de aceleração da economia que sustente IGPs tão altos quanto o IGP-10 de abril.