A Emater estima que, com cerca de 60% da colheita da soja concluída no Estado, a redução se consolide em torno de 50%. Embora a maior parte dos produtores tenha plantado variedades precoces da cultura, na tentativa de fugir dos efeitos da seca, boa parte do grão será colhida nos próximos 15 dias e não deve reverter o quadro. Com as perdas provocadas pela seca, o custo de colher é maior do que o lucro possível com a lavoura.
– Hoje, se eu fosse pagar para colher, teria de arcar com R$ 100 por hectare e certamente não ganharia isso com a soja que plantei. A seca nos castigou muito. Nunca enfrentei nada assim – diz o agricultor.
Segundo o diretor administrativo da Associação dos Produtores de Soja do Rio Grande do Sul, Pedro Nardes, a perda foi de 85% da produção na região das Missões, onde Araújo desistiu de colher.
– Quando a seca castiga a região, a situação se repete na América Latina. Com a baixa produção, o preço do grão chegou a R$ 58 a saca – afirma.
Grãos colhidos mostram que qualidade foi afetada
Conforme o agrônomo Alencar Paulo Rugeri, na tentativa de se recuperar durante a estiagem, a planta levou mais tempo para encerrar o ciclo de crescimento, mudando o cenário da colheita no Estado.
Nas regiões mais atingidas, muitos produtores resolveram não colher a soja, que deverá ser usada na alimentação animal. Os grãos colhidos mostram que os efeitos da seca se estenderam não apenas para a quantidade da produção como também para a qualidade.
– No começo, tivemos grãos verdes, que indicam perda de qualidade – acrescenta Rugeri.
Os números do soja no RS
– Área cultivada no Estado : 4,1 milhões hectares
– Estimativa inicial de colheita: 10,3 milhões de toneladas
– Previsão final de colheita: 5,8 milhões de toneladas.
– Colheita em 2011: 11,7 milhões de toneladas