Indústria e SRB assinam Consecitrus com João Sampaio e sem Faesp

Decisão ocorre dois dias depois de a SRB deixar as negociações e menos de um depois de a federação vetar o ex-secretário de Agricultura como superintendente da nova entidadeEm uma nova reviravolta, a indústria processadora de suco de laranja e a Sociedade Rural Brasileira (SRB) assinaram na noite dessa quarta, dia 18, o estatuto de formação do Consecitrus e excluíram a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp) da entidade. A decisão ocorre dois dias depois de a SRB deixar as negociações - em represália à posição da Faesp de exigir uma representatividade maior no conselho - e menos de 24 horas depois de a federação vetar o ex-secretário de A

O acordo firmado entre a Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR) e a SRB selou o estatuto e confirmou Sampaio como superintendente do Consecitrus, conselho entre citricultores e a indústria de suco de laranja para estabelecer políticas e diretrizes para a cadeia produtiva de citrus.

– A meta agora é trazer para o conselho mais representantes dos produtores de laranja, cada um com a mesma representatividade da SRB – disse Sampaio.

Pelo estatuto, a SRB irá indicar, inicialmente, três representantes dos produtores rurais, e a indústria, outros três, para formarem o Consecitrus. O presidente da SRB, Cesário Ramalho, afirmou que o “órgão será o mais pluralista possível e irá agregar o maior número de representantes do setor produtivo”, mas não perdeu a oportunidade de alfinetar o presidente da Faesp, Fábio Meirelles.

– Nós não temos rejeição, mas iremos vetar no Consecitrus quem quer usar o conselho para benefício próprio. O citricultor estará representado no Consecitrus pela SRB, que é uma entidade próxima e alinhada à Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e de sua presidente, a senadora Kátia Abreu (PSD-TO) – disse o presidente da SRB à Agência Estado.

Já o presidente da CitrusBR, Christian Lohbauer, informou, por meio de sua assessoria de comunicação, que “o Consecitrus é um importante passo para a citricultura brasileira, e a ideia agora é trazer para o conselho produtores interessados em somar forças”. Entre esses produtores, estariam representantes da Cooperativa de Produtores Rurais (Coopercitrus) e também dissidentes da própria Faesp.

Reviravoltas
Após dois anos de negociações, a criação do Consecitrus, um conselho para pacificar e normatizar o setor citrícola passou por uma série de reviravoltas nos últimos dias. Na segunda, dia 16, a SRB deixou as negociações após o presidente da Faesp, Fábio Meirelles, exigir que sua entidade tivesse dois representantes no conselho, por parte dos produtores, e a Sociedade Rural Brasileira apenas um. Ramalho, presidente da SRB, chegou a ceder e propôs que as entidades dos produtores tivessem dois votos cada no Consecitrus e que, em caso de divergências entre as duas, caberia à Faesp o voto de Minerva.

A proposta não foi aceita, e a SRB abandonou as conversas. Na noite da terça, quando o estatuto do Consecitrus iria ser assinado, a Faesp vetou a indicação de Sampaio para a superintendência do conselho. O ex-secretário, que intermediou as negociações por quase dois anos, também abandonou as conversas. A decisão isolou a Faesp e fez com que a indústria, representada pela CitrusBR, se aliasse à SRB e assinasse, nessa quarta, o estatuto do Consecitrus.

O documento será encaminhado agora ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), órgão que já avalia processos de concentração econômica no setor de produção de suco de laranja. Somente após a avaliação do Cade, o Consecitrus deve começar a operar.

Está previsto que o Consecitrus tenha, além de Sampaio como superintendente, uma equipe operacional para executar as decisões do conselho. Apesar da divisão de votos entre indústria e produtores, qualquer proposta só será realizada se houver unanimidade. O Brasil é o maior produtor de citrus.