Companhias de seguros demonstram apreensão em relação à alta demanda por indenizações

Repasse menor do governo para o seguro agrícola em 2012 também provoca preocupação, de acordo com representantes do setorO alto número de pedidos de indenizações para produtores rurais que sofreram quebra na safra de verão, principalmente no Sul do Brasil, em função da estiagem, afeta as contas das empresas seguradoras. De acordo com representantes do setor de seguros, a previsão de pagamento de indenizações supera o valor dos prêmios. Eles afirmam que o planejamento das companhias deve mudar e que isso pode afetar os preços pagos pela apólice na próxima safra. Para os profissionais, a situação é agravada pela pre

Na operadora BB Mapfre, a maior do segmento no país, a relação entre prêmios e indenizações em nível nacional no seguro relacionado aos riscos climáticos sobre a lavoura é de 121%. Isso significa que, para cada R$ 1,00 captado, a expectativa de pagamento é de R$ 1,21. Somente no Paraná, de acordo com o diretor geral de Seguros Rurais da empresa, Luís Carlos Guedes Pinto, para cada R$ 1,00, são R$ 2,38. Pinto afirma que houve dias com centenas de avisos de sinistro e uma operação de contingência teve de ser montada.

– Quando o sinistro é comunicado, no máximo em 48 horas você faz uma primeira inspeção para constatá-lo. Depois, na colheita, faz uma segunda inspeção para constatar a perda real. Os relatórios feitos pelos peritos têm que ser analisados aqui, então, no nosso caso, tivemos que fazer uma contratação extraordinária de um grupo de engenheiros agrônomos, de forma terceirizada, que estão trabalhando para dar vazão a essa demanda – explica.

Como o risco dessa modalidade de seguro é alto, cerca de 90% dos prêmios são ressegurados pelas seguradoras. Assim, uma situação como esta interfere também nas contas das chamadas resseguradoras. Para o coordenador de Riscos Rurais da IRB, companhia que lidera o mercado no segmento, Wilson Luis Sartori, a sinistralidade está em 150%.

– Obviamente, isso leva a uma revisão nos produtos e programas, tentando reequilibrar essas operações. Você pode atuar pontualmente em determinadas culturas, em determinadas regiões, levando o produtor a ficar mais conservador ou trazer de volta para a realidade. Porque, muitas vezes, no afã de tentar atender ao mercado, você acaba concedendo algumas exceções que levam a este tipo de situação – aponta.

Outra preocupação das seguradoras e resseguradoras diz respeito à subvenção do seguro rural, em que o governo paga metade do prêmio da apólice. O setor teme que a previsão de menor subvenção por parte do governo desestimule o produtor rural. Em 2011, foram previstos R$ 400 milhões para o benefício e executados R$ 263 milhões. Para 2012, estão previstos cerca de R$ 170 milhões. Na opinião de Pinto, sem o apoio do governo, o planejamento de médio e longo prazo das empresas fica comprometido e o seguro muito caro para o produtor.

– Quando não há subvenção, o agricultor não faz seguro, porque fica muito caro para ele. Se você não tem subvenção ou se essa subvenção diminui, há menos seguro agrícola. Afeta fortemente a estrutura e a expansão desse setor, que é fundamental para a agricultura brasileira e para o agricultor brasileiro – opina.

Sartori, por sua vez, explica que o com o valor menor da subvenção, a estratégia das empresas para assegurar a safra 2012/2013 pode mudar.

– Então, você acaba concentrando operações em regiões onde há maior risco. Onde a agricultura não deixa de contratar de forma nenhuma, porque sabe que pode haver evento climático. Óbvio que isso depende de estudos, mas pode significar produtos mais conservadores, aumento de taxas. Porque os resseguradores são compradores de risco e, para comprar esse risco, a gente tem que equacionar as contas, para que não haja um desequilíbrio tão grande no resultado – discorre.