No campo, a volatilidade do mercado nunca esteve tão à prova. Os especialistas apontam que não deve sobrar café no mundo: somente Brasil e Vietnã estão aumentando a produção, enquanto outros países produtores passam por dificuldades – ao contrário de anos anteriores quando as previsões provocaram desconfiança em todo setor.
Para esta safra, os produtores estão acreditando nas estatísticas, pelos menos nos levantamentos feitos pela Conab e do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE). Para o sul de MG, a Conab aponta que a produção deva ficar entre 12 e 13 milhões de sacas, que representam 25% do montante nacional que vão sair deste cenário montanhoso. No município de Cabo Verde, em 30% do território tem café.
De acordo com o agrônomo Eduardo Lima, em fevereiro, choveu apenas 60 milímetros. Geralmente, a média é de 200.
– Nós temos notado que o efeito desse veranico concentrado em fevereiro não vai refletir numa quebra efetiva da safra. Mas, acredito que possa, sim, em termos de florada – avalia.
O produtor começa a definir a safra durante a florada em setembro do ano anterior. Depois, vem a realidade das flores que de fato viram fruto. Na sequência, o enchimento dos grãos e, por fim, a qualidade do que sai na colheita. Por isso é tão difícil fazer previsões, tudo depende do clima.
O produtor Guy Carvalho tem 60 hectares. Ele deve produzir 2,4 mil sacas e confirma que os produtores estão mesmo investindo para melhorar a produtividade. Tudo graças a remuneração da saca favorável para cobrir os custos. E é por isso que os pés estão bem carregados.
– Nos últimos anos, a melhora dos preços nos possibilitou investir melhor em fertilização em podas em renovação de lavoura. Isso está refletindo nessa safra e nas próximas safras. Podemos adubar dentro daquilo que a gente achava que seria o certo e fazer os tratos no momento adequado também. É uma safra média boa aqui na minha fazenda – afirma.