Possibilidade de veto ao Código Florestal divide opiniões na Câmara dos Deputados

Texto aprovado pelo Plenário no último dia 25 depende de sanção da presidente Dilma Rousseff para entrar em vigorAberto o prazo para que a presidente Dilma Rousseff sancione ou vete (total ou parcialmente) o texto do novo Código Florestal (PL 1876/99), o debate entre os que defendem o veto e os que esperam a sanção do texto aprovado na Câmara dos Deputados tende a se acirrar. A proposta chegou ao Planalto nesta segunda, dia 7, e Dilma tem até o dia 25 para tomar uma decisão.

A expectativa é que ela vete os pontos alterados na Câmara em relação ao texto aprovado no Senado, preferido pelo governo, e preencha as lacunas por meio de medida provisória. A própria ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, defendeu nesta segunda o veto.

O PT da Câmara trabalha o veto como uma realidade. A discussão, segundo o vice-líder do partido, deputado Márcio Macêdo (SE), é se ele será parcial ou total.

– Não dá para desconsiderar que houve dois anos de debate e que algumas correções foram feitas. Não se pode jogar isso fora -, avaliou.

Com a aproximação da Rio+20, que será realizada em junho, Márcio Macêdo espera pelo menos sinalizações políticas de que o Brasil não aceitará anistia a desmatadores.
Para o advogado ambientalista Raul do Valle, do Instituto Socioambiental, o mais sensato seria recomeçar todo o processo, aproveitando o debate feito. O veto total, reforçou, é a única saída.

– O texto que a Câmara aprovou é um prêmio para quem desmatou ilegalmente. Ele vai agravar problemas tidos como naturais, como secas, enchentes e deslizamentos. A proposta, do jeito que está, também vai incentivar o aumento do desmatamento ilegal – criticou.

Em defesa do Código

Setores ligados ao agronegócio defendem o texto. Integrante da bancada ruralista da Câmara, o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) ressaltou que deve-se respeitar a vitória expressiva que a matéria obteve no plenário. Caiado disse acreditar na sanção do projeto em sua inteireza e preferiu não cogitar a possibilidade do veto.

– A Embrapa, que é um órgão conceituado e reconhecido mundialmente, saberá explicar à presidente que o Código Florestal aprovado pela Câmara condiz com a realidade do país -, defendeu.

Paulo Piau junta-se a Caiado com o argumento de que a defesa do veto carece de técnica. Ele admite, no entanto, o veto, caso venha para melhorar a matéria.

– O Código não é um produto acabado e tem muita imperfeição -, declarou.

No entanto, o parlamentar não recomenda recomeçar o debate do zero. Segundo ele, isso agradaria, principalmente, aos países que têm interesse na Amazônia. O presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Antonio Alvarenga, também defendeu o texto da Câmara. Para ele, falta apenas aperfeiçoar o documento.

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