Nos últimos seis meses, 10 empresas fecharam no Brasil. No entanto, o problema é anterior. De acordo com o diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Natan Herszkowicz, o setor está descapitalizado, principalmente, por conta da tributação.
O governo alterou a forma de cobrança de PIS e Cofins em 2004. A taxação de 9,25% sobre a movimentação do setor acabou comprometendo o desempenho, principalmente das médias e pequenas empresas. A liberação, agora, de financiamento de capital de giro deve equilibrar as contas.
– O setor passa por uma crise séria de empobrecimento das indústrias e de rentabilidade quase nula. E esse dinheiro então usado para recompor estoques dá vida nova às indústrias, permitindo que elas continuem tocando o seu negócio no dia a dia – explica Herszkowicz.
A medida faz parte de um pacote de até R$ 2 bilhões liberados para o setor. O Conselho Monetário Nacional aprovou no mês passado o uso de recursos para o Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé). Para a indústria de torrefação, serão R$ 200 milhões. Cada empresa pode financiar até R$ 1,5 milhão e pagar em dois anos, com juros de 6,75%. As empresas têm até o dia 30 de novembro para entrar com pedido de crédito.
Com a notícia, Auro Sato, diretor de uma torrefadora de Santos, em São Paulo, pretende retomar os investimentos depois de quitar as dívidas. Há 50 anos no mercado, a empresa beneficia 100 toneladas de café. No entanto, de 2004 para cá, a unidade teve de reduzir em 30% a produção.
– Nós estávamos sendo tolhidos gradualmente. A nossa indústria, para vender, precisa de capital de giro – explica.
Segundo Sato, agora, com os incentivos, a produção pode passar de 100 mil para 250 mil quilos por mês.