Nas lavouras do Brasil as plantações de milho ocupam nada menos que 15 milhões de hectares. São duas safras no ano que agora, entre 2012 e 2013, vão render 65 milhões de toneladas. Entretanto, esta é uma produção apertada, segundo o novo Presidente da Câmara Setorial do Milho, Cesário Ramalho, que acumula também a função de Presidente da Sociedade Rural Brasileira. O consumo do grão aqui no Brasil absorve no mínimo 50 milhões de toneladas, e os outros 10 são exportados, o que explica a preocupação da Câmara Setorial.
– Nós temos no milho a matéria-prima mais importante das carnes brasileiras com as quais nós fazemos US$ 15 bilhões nas exportações. Então nós estamos trabalhando o milho não pra hoje, mas para amanhã. Isso é um processo para você chegar em 2020 produzindo 100 milhões de toneladas e depois passar para 200 milhões de toneladas.
Mesmo com a produção que se tem atualmente, a indústria que processa o milho pra alimentação acha que o brasileiro pode consumir mais. Por isso, lançou uma campanha neste mês. O presidente da Abimilho, Nelson Kowalski, diz que a intenção é mostrar pro consumidor o quanto o milho é nutritivo, que é um produto nobre e que tem várias aplicações na culinária. A campanha vai envolver outros setores também, e até os produtores vão participar.
– Ele [o produtor] é um importante elo da cadeia na produção de matéria-prima de qualidade. Nós estamos sempre difundindo ao produtor o fornecimento de sementes especiais, grãos semiduros, o milho de alta qualidade visando melhor rendimento e melhor apresentação e sanidade para o consumidor final – explica Kowalski.
O milho faz parte da composição de mais de 150 produtos. As indústrias de cosméticos, a de medicamentos e até a têxtil usa. Na alimentação, os brasileiros consomem hoje mais ou menos 18 quilos de milho por ano. Para este setor, o bom seria que cada cidadão consumisse pelo menos o dobro disso.
A justificativa da indústria é que em outros países de condições sociais e econômicas parecidas com as do Brasil, o consumo per capita é bem maior. No México, por exemplo, cada habitante come o equivalente a 63 quilos de milho por ano.
– Esperamos um crescimento de 10% em dois anos no consumo humano em todas as variáveis, desde o consumo da dona de casa que compra no supermercado até o industrial que usa os produtos do milho – conta Kowalski.
O aumento de consumo esperado pela associação vai fazer uma empresa de Itatiba, no interior de São Paulo, investir mais na produção. A fábrica é da família de João Corradini, um empresário tradicional da cidade. Por mês, o pessoal produz no local 360 toneladas de farinha de milho em flocos, além de um pouco também de fubá. Corradini diz que até poderia produzir mais, mas a preocupação dele é com a qualidade.
– Tem que acompanhar a produção visualmente a toda hora. Nós temos câmaras instaladas para ver se a farinha está bem torrada, se está dando uma qualidade boa, se está dissolvendo bem na hora em que o consumidor vai adquirir o produto -explica o empresário.