– Nós estamos vindo de uma safra grande, na qual a indústria conseguiu repor parte do estoque de passagem, que nos últimos anos esteve muito baixo – diz.
Para este ano a previsão é de uma safra 15% menor que a do ano passado. No entanto, a produção é considerada ampla pelo setor. Entre os citricultores, o momento é de cautela. O produtor Rodrigo Sia relata que produz 250 mil caixas por safra. Destas, 80% são destinadas à indústria. Normalmente, nesta época, os contratos de venda já estão fechados, mas até agora, conforme ele, nada foi negociado. E acrescenta que, sem a necessidade imediata de matéria-prima, as indústrias ainda não começaram a comprar.
– A gente fica pensando em como vai ser. Estamos aguardando as indústrias. Elas não deram sinal ainda de comercialização, mas a fruta daqui a 30 dias estará pronta para moer. Estamos aguardando, nessa expectativa. A gente não sabe se vai cobrir o custo ou não – afirma.
Os agricultores pedem ao governo federal melhores condições, defendem um preço mínimo e a liberação de uma nova linha de crédito para financiar os estoques que já estão nas indústrias. Desta maneira acreditam que será dado suporte aos preços.
– Nós temos mais alguns dias, semanas, de expectativa até sair esse preço da indústria. Que ela deixe claro qual a estratégia de negociação, para que o mercado de fruta fresca tenha suas definições e assim por diante – aponta Corte.
A realidade de alguns produtores, como Sia, começa a ser modificada, em função da incerteza na comercialização. Em sua propriedade, há mais de 30 anos predominava somente a citricultura. Já para essa safra, as laranjas dividem espaço com a cana-de-açúcar.
– A região era muito boa de laranja e agora está virando cana. Porque dá uma renda mais fixa, mais tranquila. Não precisa investir tanto quanto com a laranja. A gente investe tanto e depois só daqui a um ano que você vai saber o preço – pontua.