A situação prejudica pecuaristas como Wilmar Fisher. Em três anos, quase 80% da área de pastagem da propriedade foi afetada. O que não morreu com o ataque das pragas, foi praticamente engolido pelas plantas invasoras. Para não piorar o problema, a primeira medida foi mexer no plantel.
— Tive que diminuir o rebanho, de média de quatro a cinco cabeças por alqueire para duas cabeças — afirma.
A degradação estava tão avançada, que o pecuarista precisou também reformar o pasto, projeto que começou em 2009 e se estende até hoje. Com as novas despesas, envolvendo a compra de sementes, calcário, adubos e gradeação da área, o custo da fazenda aumentou consideravelmente.
Uma pesquisa feita há um ano pelo Instituto Mato Grossense de Economia Agropecuária (Imea), revelou que 97% dos pecuaristas da região enfrentavam algum tipo de problema com os pastos. O engenheiro agrônomo da Dow AgroSciences, Jonatas Gubert, afirma que, assim como em Mato Grosso, a degradação das pastagens é motivo de preocupação em todo o país.
— Hoje, a área média de pastagens no país é de 197 milhões de hectares. Destes, mais ou menos 60 milhões de hectares estão precisando de reforma ou recuperação, ou seja, estão em processo de degradação ou iniciando-se um processo de degradação. Alguns pecuaristas pensam: devo reformar ou recuperar? Tem que pensar o que torna mais produtivo — diz Gubert.
A degradação do pasto foi um dos temas mais comentados durante as palestras do Acrimat em Ação, um projeto que tem como objetivo levar informação para os produtores.
A evolução da pecuária no noroeste de Mato Grosso também está diretamente relacionada a um crescente movimento de mudança na maneira de pensar dos pecuaristas. Se antes o foco era a abertura de novas áreas para a formação de pasto, agora busca-se mais investir em tecnologia da porteira para dentro, para ampliar os resultados em busca de maior produtividade.
É o que estão fazendo produtores como Jorge Basílio. Pioneiro na região, ele começou a investir no melhoramento genético do rebanho há 16 anos. Hoje, o pecuarista aposta em animais nelore, senepol e dá os primeiros passos no cruzamento com a raça wagyu, que possui uma das carnes mais valorizadas do mercado.
Na busca por tecnologia, a região chama a atenção de empresas ligadas ao setor.
— É fundamental estar presente neste plantel porque ele tem cada vez mais a tecnologia sendo aplicada na produtividade. Ainda dentro de todo o potencial que pode ser atingido, é muito baixo, mas cada vez mais nós temos presenças de médicos veterinários, de proprietários que estão participando de workshops em todo o Brasil e colocam em prática em termos de tecnologia. Isso acaba contaminando positivamente os demais da região, que conseguem ver o resultado acontecer e isso vai gerar uma demanda que, para nós, é importante participar — explica o gerente de relações institucionais da Biogénesis-BAgó, Sérgio Barros Gomes.
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