Em seis anos, o consumo de batata industrializada pulou de 110 mil para 300 mil toneladas. Isso favorece as importações, que pressionam os preços pagos aos produtores que vendem o produto in natura. A recuperação do dólar frente ao real pode melhorar a competitividade dos brasileiros, reduzindo a importação.
Para o agrônomo Roberto Mendes, da Emater de Minas Gerais, as variações do clima também influenciam na produção do Estado, responsável por 40% do volume nacional de batata.
– Vai muito do preço do mercado, se está tendo uma produção boa. A oferta e a demanda estão muito relacionadas com a quantidade que o produtor vai plantar. Existe concorrência da batata de outros estados, depende muito de variação climática, de problemas sanitários. Então não tem como prever realmente ou fazer uma perspectiva da produção de um ano. Você tem que esperar o plantio e fazer esta estimativa próximo a colheita.
Os produtores mineiros já sabem que o planejamento de uma safra para outra não é nada fácil por causa da oscilação dos preços. Em 2010 a saca de 50 kg ficou, em média, cotada a R$ 84, e em 2011, caiu para R$ 39. Este ano está variando entre R$ 50 e R$ 60 reais.
A variação acompanha fatores como a chamada safra da seca, que no Rio Grande do Sul reduziu a produção pela metade. No Paraná a falta de chuva provocou uma quebra de 27% e no noroeste paulista o prejuízo de 10% foi provocado por problemas sanitários.
Importação e alta do dólar reforçam instabilidade
Pelo menos 75% da batata industrializada a pré-frita que os brasileiros consomem vem de fora. A recuperação do valor do dólar frente ao real trouxe uma boa perspectiva para os produtores. Se o dólar se mantiver ao redor de R$ 2, as importações devem cair e isso pode reduzir a pressão sobre os preços da saca de 50 kg que sai do campo. Mas o reflexo disso no mercado interno ainda pode demorar um pouco, segundo o produtor mineiro João Rocheto.
– Tem que esperar mais um tempo porque o reflexo no mercado não é imediato. Hoje, um processo de importação de batata leva 60 dias 80 dias. Então não é uma situação imediata, mas é uma tendência de melhoria na competitividade no produto brasileiro.