Supersafrinha de milho compensará quebra na soja, aponta Conab

Para diretor da entidade, perdas com a oleaginosa impediram registro de novo recorde na safra de grãosO aumento de 11,41 milhões de toneladas (+53,1%) na produção de milho de segunda safra compensou a quebra de 8,9 milhões de toneladas (-11,9%) no volume produzido de soja, na avaliação da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Mas mesmo assim a safra de grãos 2011/2012 será 1% inferior à anterior, pois houve também redução de 1,98 milhão de toneladas (14,6%) na produção de arroz e de 760,9 mil toneladas (20,4%) na de feijão.

A segunda safra de milho foi estimada em 32,89 milhões de toneladas e a tendência para os próximos levantamentos é de aumento nas projeções, podendo se igualar ou superar pela primeira vez a produção de milho de verão. Nesta safra, apesar do aumento de 0,3% na área plantada com milho de verão, houve queda de 2,9% (1,03 milhão de toneladas), para 34,895 milhões de toneladas, por causa da forte estiagem que castigou as lavouras no sul do país.

Os números foram divulgados nesta terça, dia 6, pela Conab, em seu nono levantamento para a safra 2011/2012, que apontou a produção de 161,2 milhões de toneladas, ante 160 milhões de toneladas do levantamento anterior e o volume recorde de 162,8 milhões de toneladas colhidas na safra passada. Silvio Porto, diretor de Política Agrícola da Conab, diz que se não fosse a quebra na produção de soja, provocada pela estiagem, a safra brasileira de grãos teria registrado um novo recorde neste ano.

Porto explicou que a Conab ainda não havia confirmado o volume recorde de milho de segunda safra, semeado após a colheita da soja, porque tinha assumido uma posição conversadora, em função dos riscos de baixas temperaturas e geadas no Paraná. Segundo ele, para os próximos 15 dias não há previsões de geadas para o Paraná, onde atualmente 30% das lavouras paranaenses estão em fase de florada e 50% em germinação, com porcentual pequeno em fase de colheita. A Conab também deve rever os níveis de produtividade do milho em Mato Grosso, que pode atingir cinco mil quilos por hectare.

O dirigente da Conab afirmou que o governo está atento à questão do aumento da oferta de milho em Mato Grosso e aos problemas de armazenamento e escoamento da safra, para, no momento oportuno, realizar operações de sustentação dos preços, que em algumas regiões estão próximos do mínimo de garantia oficial.

Edilson Guimarães, diretor do departamento de comercialização e abastecimento agrícola do Ministério da Agricultura, afirmou que no caso do milho o governo deve realizar operações de aquisições diretas (AGF) e leilões de prêmio de equalização de preços (Pepro) e de prêmios de escoamento (PEP) para a exportação.

Silvio Porto explicou que atualmente os estoques de milho do governo somam cerca de 1,5 milhão de toneladas e que a meta é recompor para quatro milhões de toneladas. Ele disse que a tendência para a próxima safra é de avanço da soja sobre áreas de milho verão no Paraná e em Goiás, o que aumenta a importância dos estoques estratégicos para regular o abastecimento.