A Instrução Normativa 56 estabeleceu regras quanto às condições sanitárias dos aviários e um dos objetivos foi diminuir as chances de surtos de doenças como a gripe aviária. Entre as exigências, está o controle de animais, pessoas e veículos nas granjas. Os aviários que não se adaptarem às novas regras até dezembro correm o risco de parar de funcionar.
O avicultor Edson Bassi, criador de frangos de corte de Arthur Nogueira, no interior de São Paulo, é parceiro de uma cooperativa que exige a adequação da produção. A organização fornece os pintos, ração e assistência técnica, enquanto que o produtor entra com a granja e a mão-de-obra. Bassi já cercou o aviário e planeja instalar um aspersor na entrada da propriedade para fazer a desinfecção dos veículos que entram no local. O criador vai gastar R$ 50 mil com as reformas.
– A tela que eu tenho duraria mais uns 20 anos, mas eu vou ter que retirar essa e colocar a outra. Essa troca deveria ser mais devagar, e quando a tela que temos ficasse velha, aí sim deveríamos trocar pela tela com menor espaçamento – argumenta.
Criadores de frango de corte reclamam do alto custo das novas estruturas, mas são os produtores de ovos que estão mais preocupados com as mudanças. De acordo com especialistas do setor, a tela com menor espaçamento pode prejudicar a produção. As penas podem se acumular formando uma espécie de parede no aviário, o que diminui a circulação de ar, aumenta o risco de doenças respiratórias das aves, dentre outros problemas.
O diretor técnico da Associação Paulista de Avicultura (APA), José Roberto Bottura, explica que a experiência com esse tipo de tela mostra que a penugem das galinhas prende na malha.
– Se o produtor tenta limpar com vassoura, as aves se espantam, o que causa estresse, morte de animais e aumento do número de ovos trincados – conta.
Bottura diz que pediu ajuda a Embrapa para encontrar alternativas de manejo ou, então, discutir medidas compensatórias, como aumentar o tamanho da malha. No entanto, o Ministério da Agricultura alegou que não pretende prorrogar o prazo de vigência da normativa, como já aconteceu antes.
Em São Paulo, os aviários serão fiscalizados pela Coordenadoria de Defesa Agropecuária. Segundo o diretor do Centro De Sanidade Animal, José Eduardo Marcondes, poucos produtores do Estado estão dentro das novas normas. Segundo ele, o cenário é preocupante porque o risco de surto de gripe aviária é maior e a não adequação pode parar toda a cadeia produtiva.
– Se não houver registro, as granjas não vão poder alojar aves de postura e corte, parando também as granjas de reprodução – afirma.
No México, onde existem cerca de 145 milhões de galinhas poedeiras, a doença deve causar a perda de 3,5 milhões de aves. As granjas afetadas estão em quarentena para evitar a circulação de aves infectadas. De acordo com o presidente da União Brasileira da Avicultura (Ubabef), Francisco Turra, há possibilidade de o vírus chegar ao Brasil, devido às aves que migram do país mexicano, ao contrabando de animais e à entrada de pessoas de outras nacionalidades. No entanto, a instituição afirma que o Brasil está preparado para impedir um surto da doença.