Impacto da alta de alimentos deve ser menor na América Latina, afirmam economistas

Preços do trigo e do milho foram os que registraram as principais altas nas últimas semanasSegundo economistas, o aumento dos preços das commodities agrícolas nas últimas semanas provavelmente não terá um impacto significativo na inflação dos alimentos na América Latina. Os preços futuros para um conjunto de alimentos, incluindo arroz, soja, açúcar, trigo e milho, aumentaram entre junho e julho, com os dois últimos grãos registrando as principais altas.

As cotações dos grãos subiram, sobretudo, em resposta a uma mudança brusca nas expectativas para as lavouras de milho dos Estados Unidos, que sofrem com a pior seca das últimas décadas. Apesar da alta geral dos produtos alimentícios nos índices de preços ao consumidor na América Latina, o HSBC Global Research disse nesta sexta, dia 27, que espera um impacto “suave” na inflação da maioria dos países da região. Segundo a instituição, em linhas gerais, a maior parte do suprimento de alimentos da América Latina vem de fontes locais que não estão fortemente relacionadas aos preços internacionais. Além disso, as commodities agrícolas são apenas uma parte dos gastos do consumidor com alimentos.

No Brasil, os consumidores vão sentir o recente salto dos preços domésticos do milho e da soja principalmente se as indústrias de carne repassarem novos custos, o que poderia levar meses, de acordo com o economista André Braz, da Fundação Getulio Vargas (FGV). No entanto, associações de criadores de galinhas e porcos alegam que estão perdendo dinheiro e que poderão ter de reajustar os preços. Segundo Braz, os derivados do trigo, como pão e farinha, tendem a refletir essa mudança mais rapidamente.

Economistas do banco Santander no Brasil destacaram que há chances crescentes de o Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) lançar uma nova rodada de relaxamento quantitativo para estimular a economia do país.

– A incerteza na Zona do Euro está reforçando a aversão ao risco, enquanto que o crescimento da China está bem menos estimulante para os preços das commodities – afirmou o Santander. Segundo a entidade, mesmo que houvesse um boom na alta dos preços das commodities, não existiria garantia de que isso se traduziria em aumento da inflação no Brasil, já que a própria atividade econômica do país está menos suscetível a essas pressões.

O peso dos alimentos nos índices de preços ao consumidor brasileiros é, também, relativamente baixo. Junto com o Chile, o Brasil é o único grande país da América Latina onde representam menos de 20%, observou o HSBC.