Conforme o Banco Mundial, neste momento, as projeções de safra não indicam potencial de falta dos principais grãos. No entanto, os estoques estão baixos e as colheitas continuarão dependendo do clima global, o que deixa os preços mais vulneráveis a uma alta volatilidade.
Os preços altos do pão, da carne e de alimentos processados podem comprometer o crescimento global e a estabilidade social, disse o banco, mencionando que a população de regiões carentes gasta aproximadamente dois terços de sua renda com alimentação.
– Não podemos permitir que o avanço dos preços dos alimentos no curto prazo torne o mundo mais pobre e vulnerável no longo prazo – comentou o presidente da instituição, Jim Yong Kim, em nota.
Segundo o banco, os preços do trigo subiram quase 50% desde meados de junho, enquanto os do milho tiveram valorização de 45%. O preço da soja, por sua vez, avançou 30% desde o início de junho e 60% desde o fim do ano passado.
– Quando os preços dos alimentos sobem muito, as famílias tiram os filhos da escola e comem alimentos mais baratos e menos nutritivos, o que pode ter efeitos catastróficos ao longo da vida no bem-estar social, físico e mental de milhões de pessoas jovens – ponderou Jim Yong Kim.
O salto das cotações é atribuído ao clima desfavorável em diversas áreas agrícolas. Além da forte seca no Meio-Oeste dos Estados Unidos, as condições são adversas na Rússia, na Ucrânia e no Casaquistão. Na Índia, o volume de chuvas de monções está 20% inferior à média histórica e, na Europa, o excesso de precipitações tem prejudicado os produtores.
Em contrapartida, a alta dos grãos pode ser positiva para a renda de pequenos produtores, de acordo com o Banco Mundial. Segundo a instituição, preços mais altos podem trazer uma renda desesperadamente necessária para produtores pobres, permitindo que invistam, aumentem sua produção e, desse modo, se tornem parte da solução para a segurança alimentar global.