Paranaguá (PR)
Para acompanhar o trabalho, a equipe precisou se paramentar com capacete e roupa especial para garantir a segurança, uma vez que a área é de intensa movimentação. A circulação também é restrita e não é permitido transitar fora de uma faixa de pedestres que atravessa o terminal de contêineres. O embarque do produto segue rígidos padrões de segurança, para garantir a entrega do grande volume de carne exportada. De janeiro a maio deste ano, foram comercializadas cerca de 600 mil toneladas para fora do país. A receita bruta chegou a US$ 1 bilhão.
Os contêineres permanecem no terminal até ser carregados para os navios. Identificados pela cor branca, os que mantêm a carne congelada permanecem ligados a tomadas do Porto, em temperatura média de -18°. Desta forma, o produto segue neste estado até chegar ao destino final.
Cascavel (PR)
Para entender o processo de embarque do produto final, a equipe do Canal Rural na Estrada se deslocou ao município de Cascavel (PR). A região é tradicional criadora de aves. É lá que fica uma das principais empresas exportadoras de carne de frango no Brasil. O supervisor de matrizes Umberto Riboldi explica que os primeiros ovos são produzidos pela ave com 24 semanas e a ação segue ao longo de até 44 semanas.
Do local, os ovos férteis são encaminhados a um incubatório, onde são submetidos a temperaturas superiores a 37°C, durante 19 dias. Depois, passam pela vacinação, de onde partem ao nascedouro para ser abertos. A produção é então levada para os avicultores integrados à empresa que, durante 40 dias, são responsáveis pela alimentação e saúde dos animais. Eles recebem os pintos e a ração, fornecem o aviário e depois têm a venda garantida para a empresa.
Em Cascavel, o setor trabalha com foco no mercado japonês. Com cortes específicos e tamanhos de carne ideais para o mercado do país asiático, o produto conta até mesmo com rótulo da embalagem escrito em japonês. Uma das peculiaridades do consumidor asiático é o aproveitamento de subprodutos, como a pele do frango.
Cada caminhão de transporte da carga leva aproximadamente uma hora para ser carregado. O caminho para o Porto de Paranaguá tem 600 quilômetros de extensão. Os custos da logística envolvem diversas praças de pedágio, abastecimento com óleo diesel, honorários do motorista, encargos e condições sociais do profissional, além de impostos do veículo.
Ubabef alerta sobre problemas de logística
Alguns dias antes da viagem, a equipe conversou com o presidente da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), Francisco Turra, em São Paulo (SP), que alertou sobre as dificuldades enfrentadas pelo setor na questão do transporte de cargas.
– A logística tem sido um grande problema, um entrave incrível. Nós não temos estradas duplicadas, o acesso aos portos faz com que filas imensas se avolumem, causando prejuízo. Chegando ao porto, muitos problemas entravam e causam demora no envio. Tem que usar os meios eletrônicos para chegar e ir embora com agilidade e não a burocracia que emperra e que custa muito – aponta.
A opinião é compartilhada pelo diretor do Porto de Paranaguá, Lourenço Fregonesi.
– Nós somos extremamente competitivos no campo e estamos discutindo compra de equipamento e não infraestrutura. Acho que o governo federal deveria investir muito em ferrovia, rodovia e porto. É inacreditável que eles não fazem um troço destes – diz.
Ele acrescenta que o município de Paranaguá enfrenta sérios problemas, em função do intenso fluxo. São cinco mil caminhões de diversos modais todos os dias.
– Fila não é um sinônimo de qualidade, fila é um sinal de que alguma coisa precisa ser feita – destaca.