Com alta nos preços do farelo de soja, pecuaristas de São Paulo usam caroço de algodão na dieta do gado

Especialistas alertam que uso excessivo do produto pode comprometer saúde do animalCom a alta nos preços do farelo de soja, pecuaristas do interior de São Paulo estão substituindo parte do produto da dieta do gado pelo caroço do algodão. Com a troca, especialistas alertam que, quando utilizado em excesso, o substituto pode prejudicar não só o desenvolvimento, como também comprometer a saúde do animal.

No Brasil, a safra algodoeira vai até o fim do primeiro semestre, motivo que levou a fazenda onde o gerente Sérgio Soriano trabalha em Araras, no interior de São Paulo, a comprar 700 toneladas antecipadas do produto. O montante será suficiente para garantir a alimentação do gado até a chegada da nova safra de algodão.

Apesar do preço do caroço do algodão estar favorável para o pecuarista, a quantidade do produto não pode exceder três quilos na composição da dieta, por conta da grande concentração de óleo encontrada na matéria-prima.

Segundo a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), é preciso fazer uma conta para saber se a substituição do farelo de soja pelo caroço do algodão é vantajoso. O pecuarista deve pegar o valor do farelo, hoje cotado em R$ 1,4 mil a tonelada, e dividir pela quantidade de proteína encontrada no produto, que é de 450 quilos por tonelada. O resultado corresponde ao custo, que será de R$ 3,11 por quilo. O mesmo deve ser feito com o caroço do algodão: R$ 600 dividido por 200. O custo para o produtor está  menor com o subproduto do algodão.

O pecuarista precisa ficar atento também ao fator antinutricional do caroço de algodão, chamado de gossipol, que pode interferir na saúde do animal.