Alta no custo da alimentação dos animais desafia produção leiteira nos Estados Unidos

Calor e umidade se tornaram um desafio para os produtores do paísA produção de leite nos Estados Unidos passa de 85 bilhões de litros por ano, para um consumo de leite puro que chega a 82 litros por habitante a cada 12 meses. No país, cada Estado tem realidades diferentes de produção. Na região Sudeste, onde está o  Estado da Flórida, o calor e a umidade se tornaram um desafio para os produtores. O país enfrenta uma crise no setor por conta da alta nos custos de alimentação dos animais.

A Flórida está entre os maiores produtores dos Estados Unidos, mas tem uma realidade que lembra algumas regiões brasileiras.

— A Flórida é uma região onde faz calor a maior parte do ano. O inverno não é rigoroso. Existe capacidade de produção de volumoso praticamente o ano todo, mas o que é diferente aqui está relacionado com a condição  de solo, que não está apto a ter uma produção de milho muito alta  — explica o gerente técnico de gado de leite, Rodrigo Souza Costa.

A Flórida tem um rebanho estimado em 130 mil vacas em lactação e produz um bilhão de litros de leite por ano. No comparativo, a Califórnia que está no topo do ranking entre os Estados, tem uma produção de 24 bilhões de litros. No Estado, com excesso de calor e umidade, o desafio de produzir leite é muito maior. Com relação ao mercado, em 2008 os produtores enfrentaram uma crise de baixos preços que quase inviabilizou  a atividade. Hoje, assim como acontece no Brasil, são os custos altos com alimentação que estão tirando o sono dos pecuaristas.

Entre 2009 e 2010 mais de seis mil produtores saíram do mercado. Propriedades maiores absorveram o rebanho e o número de vacas em produção se manteve o mesmo.

— Em 2008 foi um período de um ano e meio de situação delicada e praticamente entre oito a dez meses de situação desesperadora para o produtor de leite  americano. Hoje o que está acontecendo é que o preço  do alimento subiu muito, apesar do leite não ter baixado tanto — comenta o professor da Universidade da Flórida, José Eduardo Portela Santos.

A fazenda North Florida Holsteins tem um rebanho com 10 mil animais, com cerca de quatro mil vacas em lactação. Ela possui uma estrutura de Free Stall, que é um sistema de produção onde as vacas confinadas têm o melhor ambiente possível de ventilação e conforto para garantir produtividade.

Nos últimos 12 meses foram gastos US$ 750 mil com o programa de transferência de embrião. O melhoramento genético aqui é para produzir vacas pra reposição da fazenda.

— Historicamente, nunca a relação custo com a alimentação e valor do leite esteve tão desfavorável para o produtor — diz o gerente da fazenda, David Temple.

* O repórter Marcelo Lara viajou a convite da Tortuga, empresa do ramo de nutrição e saúde animal