Tem o chapéu de aba larga, bota e espora, lenço cor-de-rosa com o nó preso por ela mesma sobre a blusa, borrachinha no cabelo, bombacha castelhana bordada e frisada, batom e o olhar sério a comandar os movimentos.
É o primeiro ano de Tássia em Esteio, e nem assim ela dava sinais de nervosismo. Desde o verão, ela se prepara em treinamentos e em exibições com o Golias por rodeios do interior do Estado.
– O Golias é um amigo – explicou, um tanto acanhada.
Em seguida, o conjunto testou a amizade na prova do giro sobre pata e na esbarrada. Há muito Tássia sonhava em participar do Freio Jovem. Esperou a idade mínima e, agora, promete seguir até chegar ao Freio de Ouro, sua meta pessoal.
Para isso, teria de treinar três vezes por semana, o que nem sempre é possível porque o compromisso maior é com as aulas do sexto ano do Ensino Fundamental do colégio Gusmão Brito, em São Leopoldo.
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Entre as amigas da escola, Tássia se gaba da condição de amazona com tão pouca idade e até convenceu uma das colegas a participar das provas. Tem cartaz entre os meninos.
– As meninas me dão força, mas não vêm me ver – lamentou.
O irmão, Tobias, 14 anos, não segue os hábitos da mana. Prefere ficar em casa com os jogos eletrônicos. É o pai quem acompanha a filha. Sérgio Sá, dono da Cabanha Inventivo, de São Leopoldo, sai com a menina em rodeios.
O estranho é que eles têm um cavalo que concorre no Freio de Ouro, o Jacarandá Judas, mas Tássia usa o Golias, da cabanha de Pedro Rauber, um vizinho da família em São Leopoldo. O próximo ginete a ser lançado é o garoto Pompilho Rauber, de 14 anos, já considerado um especialista do laço.
