Veja como é feita a seleção genética para produção de leite em larga escala nos EUA

Uso da tecnologia de marcadores moleculares e processo de reposição das matrizes são indispensáveis para a produtividade dos animaisNos Estados Unidos, a produção de leite tem que ser eficiente. O difícil é articular todas as engrenagens que vão da genética, passam pela nutrição balanceada e chegam na ordenha, onde os animais precisam comprovar a produtividade esperada.

Em geral, a seleção tem base na funcionalidade, mas cada produtor adota um conceito. Em muitas fazendas, a doadora é aquela vaca seca que, depois da quarta lactação, deveria ter sido descartada, mas continua gerando genética. Em outras, usam novilhas prenhes através de fertilização in vitro (FIV), seleção com base no mérito líquido que leva em conta principalmente o índice de prenhes da filha, produção de gordura e proteína e de longevidade na reprodução.

Em uma fazenda no norte da Flórida (EUA), na qual quase quatro mil vacas estão em lactação, a dinâmica e a pressão de seleção são tão intensas que tem mais receptoras do que embriões. As chamadas barrigas de aluguel são novilhas com as piores estimativas de desempenho futuro e que não podem ser usadas como doadoras.

O índice de prenhes, calculado com base na taxa de concepção versus a taxa de detecção de cio, foi de 21% nos últimos 12 meses. O número é considerado muito bom para uma fazenda desse porte e localizada em uma região de clima subtropical.

Segundo o gerente da fazenda, David Temple, as receptoras são vacas de primeira e segunda lactações que estão na segunda e terceira inseminações pós parto. Normalmente, são sincronizadas 100 vacas e, destas, entre 50 e 60 é feita a transferência de embrião. Com o restante, é necessário fazer algo para não aumentar ainda mais os custos.

Em fazendas tecnificadas de produção de leite em larga escala são usados programas de alta tecnologia com até seis mil marcadores moleculares, que incluem taxa de prenhes e vida produtiva. O problema é que a base de dados depende do governo e de laboratórios privados, situação que deve mudar nos próximos anos.

De acordo com o professor de Ciências Animais da Universidade da Flórida, José Eduardo Portela Santos, se for um animal macho e a informação fenotípica retornar ao produtor, somente a empresa de inseminação terá acesso àquela informação.

– Em 2013, isso vai acabar. A partir do ano que vem, se eu quiser ter meus tourinhos e souber quem é bom ou ruim e quiser vender para a empresa, eu vou poder fazer isso – afirma.

Santos também critica o conceito de melhoramento genético leiteiro como acontece em alguns casos no Brasil. Segundo ele, o uso de touros de mais idade é um retrocesso genético.