Gastos com cartões corporativos crescem 27% em janeiro na comparação com 2008

Depois do escândalo envolvendo dinheiro público, valores pagos foram ainda maioresUm ano após o estouro do escândalo dos cartões corporativos, os gastos do governo federal com o cartão registraram alta de 27% na comparação entre janeiro de 2009 e o mesmo mês de 2008.

Segundo levantamento feito pelo site Contas Abertas, R$ 8 milhões foram pagos por meio dos cartões no primeiro mês de 2009, quase R$ 2 milhões a mais do que os R$ 6,3 milhões do ano passado.

Houve uma redução dos gastos de cartões ao longo de 2008, após o escândalo que resultou na demissão da ex-ministra de Igualdade Racial Matilde Ribeiro, que usou o recurso para fazer compras em um free shop. Comparando com 2007, a redução foi de mais de R$ 20 milhões. Se o aumento registrado em janeiro último se consolidar ao longo dos meses, essas despesas podem voltar a crescer.

Dados do Portal da Transparência mostram que a Presidência da República continua na liderança dos desembolsos, com R$ 2,2 milhões pagos em janeiro, dos quais 94% não podem ser discriminados por serem “informações protegidas por sigilo, para garantia da segurança da sociedade e do Estado”. Esses gastos sigilosos, no entanto, já foram maiores: no primeiro trimestre do ano passado as despesas confidenciais totalizavam 96% de gastos não discriminados.

PF concentra despesas da pasta da Justiça com cartão

O Ministério da Justiça também aumentou as despesas com o cartão ? 12 vezes, segundo os cálculos do Contas Abertas. Em janeiro de 2008, a pasta gastou R$ 146,6 mil nessa modalidade, enquanto no mês passado foram R$ 1,8 milhão. Cerca de 99% da despesa do ministério foram direcionados ao aparelhamento e à operacionalização da Polícia Federal. A assessoria de imprensa do ministério esclareceu que as despesas, sigilosas, referem-se a ampliação de ações contra o crime organizado.

Mas nem todos os ministérios aumentaram os gastos. Em janeiro de 2008, a pasta do Planejamento pagou R$ 1,2 milhão com o cartão corporativo, e agora a despesa somou R$ 822,8 mil. A queda no gasto ocorreu em razão da diminuição do volume de trabalho do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável por 99,8% das despesas, e que fez no ano passado o Censo Agropecuário. O ministério que menos gastou foi o de Turismo. No Portal da Transparência, não há nenhum registro de despesas realizadas pela pasta por meio do cartão corporativo.