Falta de chuvas no Centro-Oeste pode prejudicar safrinha de milho, diz diretor da Conab

Aumento da área de soja deve reduzir o plantio de verãoA perspectiva de aumento da área de soja na próxima safra 2012/2013, por causa dos bons preços da oleaginosa, que pode reduzir o cultivo de milho no plantio de verão, é vista com preocupação pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O diretor de Informação e Política Agrícola da Conab, Silvio Porto, alerta para os riscos de investimento dos agricultores no plantio do milho safrinha, em virtude da possibilidade de falta de chuvas na região Centro-Oeste e da ocorrência de geadas no Paraná

Silvio Porto observa que, do ponto de vista da segurança no abastecimento, não é bom uma aposta tão expressiva no milho de segunda safra, que é semeado na sequência da colheita da soja.

— É uma equação para ser resolvida nos próximos anos, pois temos de criar mecanismos que estimulem o plantio do milho de primeira safra, que é a fundamental e estratégico para o país.

O governo teme que os agricultores voltem a dar prioridade ao plantio do milho safrinha, como aconteceu no ano-agrícola 2011/2012, quando a produção atingiu 38,861 milhões de toneladas, superando pela primeira vez na história o cereal da safra de verão, que foi de 33,869 milhões de toneladas, em virtude das quebras provocadas pela estiagem.

O dirigente da Conab afirma, ainda, é cedo para arriscar números sobre produção, até porque as chuvas ainda estão indefinidas para o plantio que deverá começar na próxima semana. Questionou, no entanto, as previsões que estimam a safra de soja acima de 80 milhões de toneladas. Silvio Porto afirma que, mesmo que a área de soja cresça 5% e a produtividade fique em 3.500 kg/ha, o aumento em relação à safra 2010/2011 seria de quatro milhões de toneladas, que resultaria numa safra de 79 milhões de toneladas.

Em relação à possibilidade de expansão da soja, Porto observa que o avanço sobre áreas de pastagens é limitado pelo alto custo de conversão e pela baixa produtividade obtida nos primeiros anos. Ele chama a atenção para a insegurança do avanço da soja em áreas marginais, onde os solos sãos mais fracos e de baixa produtividade, que podem repetir os problemas enfrentados em 2004, quando houve falta de chuvas.