Maior oferta de arroz em outubro pode pressionar preço ao produtor, alerta Farsul

Rizicultores estão precisando vender o estoque remanescente para pagamento de dívidas e custeio da próxima safraO aumento da oferta de arroz no mercado gaúcho em outubro pode pressionar as cotações, diz a Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul). Produtores estão precisando vender o estoque remanescente para pagamento de dívidas e custeio da próxima safra. Além disso, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) segue realizando leilões conjugados de venda e troca.

— Serão fontes de oferta de arroz para o mercado — disse o presidente da comissão do arroz da Farsul, Francisco Schardong.

Ele sugere que o governo ajuste o volume ofertado nos leilões à demanda pelo produto, calculada em um milhão de toneladas/mês no país.

O governo tem colocado à venda o estoque público de arroz para abrir espaço nos armazéns. Nesta quarta, dia 12, será realizada operação de troca de arroz em casca por 2,7 mil toneladas do cereal beneficiado, que deverão ser entregues no Porto de Rio Grande para doação humanitária. Schardong diz que o governo também busca equilibrar o preço ao produtor de modo a não haver impacto na inflação.

A Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federarroz) rebate a ideia de que os preços do cereal, que tiveram forte recuperação nos últimos meses, impactem na inflação. A entidade divulgou nota na segunda, dia 10, com números do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) que mostram que o preço médio do cereal nos supermercados em julho era de R$ 1,96/kg, mesma média praticada entre janeiro de 2008 e dezembro de 2010, em valores nominais.

Renato Rocha, presidente da Federarroz, diz que o governo busca a estabilidade dos preços, após ter possibilitado a recuperação da cotação do cereal, que em meados do ano passado foi comercializado a R$ 18 a saca de 50 quilos. Segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP), a saca de 50 quilos de arroz foi negociada na segunda a R$ 36,68.

Na avaliação do presidente do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Claudio Pereira, os leilões de venda, mesmo sem novas datas, devem seguir até que o governo tenha colocado no mercado 500 mil toneladas do cereal – a expectativa é de que sejam 10 leilões de 50 mil toneladas cada um, com avaliações pontuais para que não haja impacto no preço.