Dia de Campo na TV mostra tecnologia de recuperação de áreas degradadas da Caatinga

Programa inédito vai ao ar nesta sexta, dia 14, às 9h, no Canal RuralO Dia de Campo na TV desta sexta, dia 14, mostra o trabalho da Embrapa Agrobiologia no desenvolvimento de uma tecnologia de recuperação de áreas degradadas da Caatinga. O programa inédito vai ao ar a partir das 10h, no Canal Rural.

A Caatinga ocupa cerca de 10% do território nacional e é uma das áreas mais sujeitas à desertificação no Brasil, segundo o Ministério do Meio Ambiente. É formada por solos rasos e pedregosos, com ocorrência de pouca chuva, concentrada apenas numa época do ano, e seca que pode durar de quatro a oito meses. Esse bioma tem perdido suas características devido ao uso irracional das atividades socioeconômicas, que vão desde a exploração de madeira para combustível até a substituição da vegetação nativa por práticas agrícolas não apropriadas.

A Embrapa Agrobiologia, fazendo uso de relações já existentes na natureza, desenvolveu uma tecnologia de recuperação das áreas degradadas a partir da busca de associações mais eficientes entre bactérias fixadoras de nitrogênio, fungos micorrízicos e plantas da família das leguminosas.

A tecnologia de recuperação de áreas degradadas por extração de piçarra na Caatinga pretende fazer com que um ambiente degradado pela ação humana seja novamente incorporado ao bioma, recuperando funções do ecossistema original, como cobertura do solo, alimento e abrigo para animais.

Há quatro anos, foi iniciado um projeto para revegetação de áreas de extração de piçarra no estado do Rio Grande do Norte em parceria com a Petrobras UN-RNCE (Unidade de Negócio de Exploração e Produção do Rio Grande do Norte e Ceará) e a Universidade Federal Rural do Semi-Árido. O projeto utilizou como base a tecnologia de recuperação de solos degradados já desenvolvida pela Embrapa e aplicada em outras regiões do país.

A fim de recuperar a Caatinga original e manter o equilíbrio do ecossistema, são plantadas espécies nativas, como a jurema preta, a jurema branca, o sabiá e o jucá. Para contribuir com esse processo, é feita a inoculação de mudas com bactérias fixadoras de nitrogênio e fungos micorrízicos. Os fungos aumentam a capacidade da planta de retirar água e nutrientes do solo, deixando-a mais resistente, já as bactérias possibilitam que ela use o nitrogênio existente no ar.

Como resultado do projeto, a Embrapa Agrobiologia lançou o Manual para recuperação de áreas degradadas por extração de piçarra na Caatinga. A publicação aborda todas as etapas do projeto, como, por exemplo, a produção de mudas de espécies florestais com potencial de uso na revegetação dessas áreas, os aspectos práticos para a recuperação de jazidas de extração de piçarra, incluindo o ordenamento e a preparação da área, a aplicação de solo superficial e o plantio de mudas.

Segundo o pesquisador Alexander Silva de Resende, inicialmente estão sendo recomendadas 11 espécies florestais nativas da Caatinga, das quais, 7 são leguminosas fixadoras de nitrogênio e que apresentaram resultados muito satisfatórios para as condições avaliadas. Alexander afirma ainda que a tecnologia será testada em outras condições de degradação na Caatinga, e apresenta grande potencial para ser replicada em outras situações do bioma.