Com o projeto piloto, iniciado há duas semanas, a técnica, inédita na América Latina, pode ajudar a diminuir o prejuízo de US$ 1,3 bilhão gastos anualmente por produtores brasileiros na cura de bicheiras.
Torcendo para que o experimento exponha resultados positivos, as autoridades brasileiras e uruguaias apostam na técnica como grande aliada na expansão do mercado de exportação de gado vivo para países desenvolvidos.
?Tudo que diz respeito a melhoramento de sanidade é mais uma barreira vencida rumo ao alcance da qualidade exigida para exportação do animal vivo. Hoje, se exporta no Brasil um índice muito baixo de gado em pé ? destaca o superintendente do Ministério da Agricultura, Francisco Signor, que esteve presente na demonstração do experimento.
O projeto tem duração de 13 semanas e abrange uma área de 100 quilômetros (de Santana do Livramento a Barra do Quaraí e de Rivera a Artigas, no Uruguai). A preocupação dos envolvidos no trabalho é de que haja condições de expandir a técnica para todo o Estado e futuramente para o país inteiro. Mas para tanto, é necessária uma mobilização do setor pecuário na reivindicação de recursos financeiros.
Expectativa é reduzir em 20% a população de inseto
? É preciso que o setor se una em prol desse objetivo para que consigamos junto aos governos mostrar a eficácia do procedimento e pleitear recursos para a expansão e continuidade dos trabalhos ? ressalta Signor.
Empolgado com a simplicidade do projeto em relação aos benefícios que podem ser obtidos, o ministro da Pecuária, Agricultura e Pesca do Uruguai, Ernesto Agazzi, afirmou que o país deposita uma expectativa positiva no experimento. A nação vizinha contabiliza um gasto de US$ 210 milhões por ano na cura de animais com bicheiras.
? É incrível como uma ideia bem estudada, uma inovação, pode ajudar a resolver um problema tão antigo ? disse Agazzi, ao observar a demonstração de como as larvas são tratadas até virarem moscas.
A ministra da Saúde do Uruguai, María Júlia Muñoz, destacou que a bicheira é tratada no país como um problema de saúde pública, pois atinge também os seres humanos.
O coordenador do projeto de controle da mosca da bicheira, Joal Pontes, afirma que a erradicação é possível e estima que levariam duas décadas para que a praga fosse eliminada de vez dos países do Mercosul. Os resultados deverão começar a aparecer a partir da terceira semana do projeto, quando estima-se que a população de moscas da bicheira na área controlada diminua em 20%.