Perdas na safra de grãos podem ser compensadas, dizem agricultores dos Estados Unidos

Alta nos preços, política de seguro rural e economias feitas em períodos anteriores ajudarão na fase difícilA seca registrada no Meio-Oeste dos Estados Unidos em 2012 prejudicou a produção de grãos. Os agricultores do país reconhecem que a estiagem foi grave, mas enxergam motivos para acreditar que as perdas ocorridas na lavoura podem ser minimizadas ou até compensadas.

Dados recentes do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) apontam uma redução de 13% na safra de milho em relação a 2011. A produtividade média pode ser a menor desde 1995. Na soja a queda prevista é de 14%.

— Mas nós não vamos saber de fato esse efeito sobre a produtividade até irmos ao campo — diz o secretário de Agricultura dos Estados Unidos, Tom Vilsak.

Segundo Doug Dashner, do Dekalb Farm Bureau, associação de produtores rurais do Estado de Illinois, um dos motivos para a expectativa de recuperação é a alta dos preços da soja e do milho, justamente por causa da seca.

— Os preços subiram na mesma proporção em que a produção caiu. Portanto, o faturamento do produtor está próximo de um ano normal — afirma.

Do início de junho até agora, o preço da soja saiu dos US$ 12,00 e superou os US$ 17,00 por bushel, aumento de quase 38% no contrato novembro na Bolsa de Chicago. O milho saltou de US$ 5,00 para quase US$ 8,00 por bushel, aumento de mais de 57% no vencimento dezembro em Chicago.

Para Dashner, um dos fatores que ajudam a sustentar os preços é a demanda das usinas de etanol. Atualmente, ela responde por 18% do volume, superando a indústria de alimentos, responsável por 12% da demanda. A liderança ainda é da ração animal (51%), seguida pela exportação, principalmente para países como China, México e Canadá (19%).

Além dos preços em alta, o representante dos produtores da região de Dekalb lembra que muitos agricultores americanos possuem seguro e economias de anos anteriores, para este período e para a próxima safra. Não vai ser como em um ano de boa produção, mas o suficiente para pagar as contas e permanecer na atividade. Sobre como vai ser o plantio na próxima safra, se mais milho ou mais soja, ele diz que ainda é cedo para projetar.

*O repórter viajou a convite Caep, empresa de intercâmbio no setor agrícola brasileiro