Falta incentivo para produção de etanol, diz presidente da Datagro

Mais de 40 usinas fecharam suas portas desde 2008, de acordo com Plínio NastariO Brasil economizou US$ 266,7 bilhões com a substituição da gasolina por etanol desde 1975, quando o Próalcool foi implementado. O volume de recursos é referente a 2,33 bilhões de barris de gasolina que foram substituídos pelo etanol combustível nesse período. A informação foi dada pelo presidente da Datagro Consultoria, Plínio Nastari, durante a abertura do segundo dia do Global Agribusiness Forum, em São Paulo.

Segundo Nastari, este volume de recursos representa 75% das reservas internacionais que o Brasil possui.

– Apesar de ter contribuído de forma significativa para a formação destas reservas, o setor não tem sido incentivado a realizar novos investimentos na expansão da produção – disse ele.

Nastari ressaltou que, desde 2000, a produção mundial de biocombustíveis saiu de 30 bilhões de litros para 126 bilhões de litros anuais, dos quais o Brasil e os Estados Unidos foram os principais produtores, impulsionados pelo etanol, enquanto a União Europeia avançou na produção de biodiesel. O executivo lembrou que a oferta sempre veio antes da demanda. Porém, ele ressalta que este cenário irá mudar.

Segundo Nastari, a necessidade estimada entre 900 milhões de toneladas a 1,4 bilhão de toneladas de cana-de-açúcar para atender à demanda de açúcar e etanol em 2020 não será atendida.

– Não vamos conseguir chegar nem ao piso desta estimativa porque não existem mudas suficientes para que isso ocorra em tempo hábil – disse.

Além da falta de investimentos que praticamente interrompeu o ciclo de expansão do setor desde 2008, mais de 40 usinas fecharam suas portas no período.

– Além disso, a produtividade da cana caiu de mais de 80 toneladas por hectare para 69 toneladas – afirmou Luiz Roberto Pogetti, presidente do conselho de administração da Copersucar.

Diante deste cenário, Nastari afirma que a partir dos próximos anos o setor irá ter que correr atrás da demanda. Segundo ele, este cenário fará com que os preços sigam sustentados e rentáveis no período.

Para que a oferta se equilibre com a demanda, Pogetti, da Copersucar, acredita que o governo precisa saber o que ele quer do etanol e aplicar políticas públicas e um marco regulatório que crie estabilidade para o setor no longo prazo, capaz de atrair novos investimentos.

Agência Estado