Administrador de uma propriedade no município de Itatiba, a 80 km da cidade de São Paulo, José Nivaldo Soares percebeu uma alta de 20% nos custos com trabalhadores.
— O pessoal que mora na fazenda hoje tem uma cesta básica, uma horta de verdura, leite para o gasto, casa para morar. O salário hoje varia de acordo com o cargo que a pessoa assume — explica Soares.
Mesmo assim, todo ano eles perdem parte dos funcionários. O problema é que os maiores concorrentes dos produtores para a mão de obra estão cada vez mais próximos das propriedades. A maior saída de trabalho do campo é para a indústria. Somente no entorno da propriedade administrada por Soares existem seis empresas de grande porte.
— Se não pagar mais a gente perde os funcionários para a indústria. A indústria está sempre cercando e pagando mais, então tem uma concorrência muito grande — diz Soares.
Além da remuneração da mão de obra, outros custos também tiveram alta. Segundo dados do Centro de Pesquisas Avançadas em Economia Aplicada (Cepea), o sal mineral (1,8%), óleo diesel (5%), adubos e fertilizantes (22%), ração sem farelo de soja (25%), ração com farelo de soja (40%), arames (14%) e vermífugos, vacinas e remédios (8%) registraram aumento no último ano.
Enquanto todos os custos sobem, o preço da arroba continua baixo. Em setembro de 2011 os produtores recebiam de R$ 105,00 a R$ 107,00 por arroba e agora R$ 97,00.
Por isso é preciso mais do que organização financeira. O professor e pesquisador da Universidade de São Paulo, Flávio Portela dos Santos, acredita que os produtores precisam fazer um planejamento de longo prazo.