Novo presidente defende presença da Embrapa no mercado de sementes

Maurício Antônio Lopes toma posse na segunda, dia 15O novo diretor-presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Maurício Antônio Lopes, que toma posse na segunda, dia 15, disse nesta quinta, dia 11, na primeira declaração após a indicação, que o setor público não pode se contentar com a exclusão completa e total do mercado de sementes, que hoje é dominado pelas multinacionais. Lopes fez a afirmação ao comentar as críticas sobre a perda de espaço da Embrapa no mercado nas últimas décadas e argumentou que a empresa abriu cam

Ele reafirmou, reiteradamente, que o governo reforçará o processo de internacionalização, que foi o pivô da queda do ex-presidente Pedro Arraes por causa de irregularidades apontadas pelo Conselho de Administração na criação da Embrapa Internacional. Lopes afirmou que a questão está relacionada à forma como a estatal foi criada. Destacou que o fato de a Embrapa Internacional ter sido extinta não significa que a empresa reduzirá a ênfase na atuação externa.

– Os programas que nós temos no exterior, os programas de cooperação técnica e de cooperação científica, seguem o curso normal com a coordenação, o fluxo de recursos, o norteamento e a definição de estratégia sendo feito aqui do Brasil – afirmou Lopes. 

Em relação às divergências internas sobre as prioridades da Embrapa, Lopes disse que, em uma organização com quase 10 mil funcionários, “não se pode esperar plena satisfação de todos, todo o tempo”. O novo diretor-presidente da Embrapa argumentou que, como a estatal trata de questões difíceis, pode ser que haja uma ou outra dificuldade no diálogo, mas observa que a empresa tem processos consolidados e um quadro profissional capacitado. Lopes considera importante a participação dos pesquisadores mesmo em discussões que não são de cunho científico, pois a “Embrapa é um empreendimento do Estado Brasileiro”.

Entre as prioridades da nova gestão está o desenvolvimento de pesquisas voltadas para o setor sucroenergético e de alternativas à cana de açúcar.

 – Com o sorgo sacarino nós podemos ampliar a capacidade da indústria brasileira porque quando a cana não é realmente moída, então poderia ser usado o sorgo, ampliando então a nossa safra de produção de álcool. E já estamos no futuro das chamadas biorrefinarias. Nós acreditamos que o Brasil tem uma condição que é única de possivelmente converter todo o seu parque sucroenergetico em uma lógica de biorrefinaria, transformando biomassa em múltiplos produtos – explica Lopes.

Sementes

Em relação à concentração no mercado de sementes, o novo diretor-presidente disse que é natural que o setor público tenha perdido a participação de 70% do mercado de cultivares de soja e 30% do de grãos de milho, como era há cerca de duas décadas. De acordo com Lopes, a Lei de Patentes criada na década de 1990 atraiu o interesse das multinacionais para o Brasil, pois perceberam que “era grande fronteira para a produção de alimentos no mundo”.

De acordo com o novo diretor, o setor público deve manter espaço para a atuação no segmento de sementes, “que é crítico, estratégico para a economia brasileira, que depende em grande medida do desempenho do agronegócio”. Lopes declarou que a Embrapa não pode ser eliminada dos mercados de sementes de milho, soja, algodão e biotecnologia.

Entretanto, observa que é preciso ser realista, “pé no chão”, para saber que a Embrapa jamais voltará a ter 60% do mercado de sementes de soja “porque temos um setor privado pujante, com uma capacidade de investimento muito grande”. O novo presidente afirmou que é importante o diálogo da Embrapa com o Parlamento e o governo para buscar formas de assegurar equilíbrio no mercado de sementes e cultivares.

— É claro que ninguém gostaria de ver um mercado importante e crítico do agronegócio sendo controlado por poucos agentes. Entretanto, não temos de combater as grandes corporações, que são importantes para o Brasil, que fazem investimentos. Temos de buscar um nível de racionalidade, equilíbrio de forças.

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