Os estudos desse agricultor, que não cursou nenhuma faculdade, partem da convicção de que as raízes são a parte mais importante das plantas, e que as folhas devem fazer o melhor trabalho que puderem para absorver a luz do sol. Acreditando nisso, Cullers desenvolveu um fertilizante folhar que deixa mais escuro o verde das folhas e fortalece o crescimento das raízes. Isso tornaria os pés de soja, milho, laranja, algodão, cana-de-açúcar e outras plantas mais resistentes a doenças, insetos e até ao vento e à seca.
Foi assim que ele chegou a produzir 173 sacas de soja e 392 sacas de milho por hectare, na sua propriedade. No Brasil, a média de produtividade da soja é de cerca de 44 sacas por hectare, e do milho, de 70 sacas. Antes de montar a fábrica da Kip Cullers do Brasil, o produtor norte-americano fez testes em diferentes Estados brasileiros e conseguiu resultados ainda melhores do que os registrados no país natal.
O poder do sol
Cullers atribui à maior incidência da luz do sol no Brasil o aumento expressivo na produtividade da cana-de-açúcar e dos cítricos, especialmente. Nos testes do fertilizante com cana-de-açúcar feitos no Nordeste e no Sudeste, foi alcançado aumento de 28% na biomassa e de 14% no teor de açúcar. No caso da laranja, Cullers deixou os produtores paulistas com o queixo no chão ao conseguir a recuperação de árvores atingidas por greening, doença que provoca perdas e a morte da planta. Antes de serem atingidos, os pés de laranja testados produziam 800 caixas por hectare. Depois de afetadas e tratadas com o fertilizante, chegaram a produzir duas mil caixas.
Testes feitos com a soja e o trigo no Rio Grande do Sul também deram bons resultados. O engenheiro agrônomo e produtor rural de Giruá, Paulo Miguel Nedel, comprovou o efeito do produto:
— Na última safra, usei na soja, neste inverno, no trigo, e também no milho que está em fase de crescimento. No trigo, já pude comparar com outras áreas que não receberam o produto e percebi uma maior uniformidade nos perfílios (espigas) e as plantas cresceram mais saudáveis e resistentes. A produtividade aumentou, já que nasceram mais espigas por metro quadrado.
O custo de aplicação na soja, segundo Nedel, é o equivalente a duas sacas do grão por hectare.
Sem medo da competição
A meta do trabalho de Cullers é chegar a 200 sacas de soja por hectare, mas ainda não será nesta safra, já que os Estados Unidos vivem a pior seca de sua história. Os altos preços do produto não são animadores para ele, pois mostram a fragilidade da produção mundial de alimentos.
Cullers valoriza a abertura dos agricultores brasileiros para conhecer novas técnicas. Essa é a recompensa que ele busca ao se tornar empresário no Brasil, pois considera esse trabalho um hobby.