O produtor rural Samuel Faustino Romero só aguarda a chegada da chuva para começar a plantar a lavoura de soja. Como os preços estão em alta, vai destinar toda a área agricultável da fazenda ao cultivo do grão. Em anos anteriores, o terreno de 190 hectares era dividido com a plantação de milho. Animado com o cenário promissor da safra, ele não quer nem pensar em dar espaço para doenças que possam ameaçar as plantas, principalmente a ferrugem asiática. Por isso, cumpriu rigorosamente o vazio sanitário, período em que fica proibida a existência de plantas vivas de soja.
A fazenda de Romero fica em Jateizinho, no norte do Paraná. Estado em que o vazio sanitário terminou no dia 15 de setembro. Apesar de não ter iniciado o cultivo, o agricultor já comprou os fungicidas que deve usar no combate à ferrugem. Quer ser preventivo, para evitar problemas lá na frente.
A preocupação do Samuel Faustino Romero tem motivo. Isso porque mesmo na fase inicial da safra de soja, o alerta com a doença já é grande. Segundo especialistas ,o risco de incidência da ferrugem é considerado maior do que em safras anteriores.
Uma das causas é a provável influência do El Niño, que deve ampliar o período de chuvas em algumas faixas das regiões Centro-Oeste e Sudeste do Brasil. O mesmo deve acontecer no Centro e Norte da região Sul do país. Com maior umidade, as chances do ataque da ferrugem aumentam. Além disso, a falha no cumprimento do vazio sanitário em alguns Estados produtores também reforçou a necessidade do alerta.
A ferrugem é considerada uma das maiores ameaças à produtividade das lavouras de soja. Nas últimas sete safras, o custo anual da doença, que envolve as despesas com fungicidas e com as perdas de produtividade, girou em torno de US$ 2 bilhões. Na safra 2011/2012 foram registrados 265 focos de ferrugem nas lavouras brasileiras. Foi o menor número das últimas oito safras.