Guaranis kaiowás pedem ajuda do Ministério Público na demarcação de terras em Mato Grosso do Sul

Índios tentam reverter uma decisão da Justiça, que determinou a retirada de 170 indígenas de uma fazenda no município de IguatemiUm grupo de índios da etnia Guarani Kaiowá, de Mato Grosso do Sul, esteve reunido nessa segunda, dia 29, em Brasília com representantes da Procuradoria-Geral da República. Eles pedem a ajuda do Ministério Público para reverter uma decisão da Justiça, que determinou a retirada de 170 indígenas de uma fazenda no município de Iguatemi, a 466 quilômetros de Campo Grande. Os índios alegam ter direito a estar no local. A área está ocupada há 11 meses.

Durante a reunião que durou mais de duas horas, os indígenas entregaram um documento relatando a intranquilidade na região. A Justiça Federal determinou que a reintegração de posse concedida ao fazendeiro aconteça até novembro. O Ministério Público  recorreu ao Tribunal Regional Federal da Terceira Região pedindo a permanência dos indígenas até que a Funai conclua estudos antropológicos das terras.

– Há um grupo de trabalho da Funai tentando estabelecer os limites desse território. Nós vamos cobrar agilidade. Já há ações judiciais a respeito disso, há termo de ajustamento de conduta – disse a vice-procuradora-geral da República, Déborah Duprat.

O representante dos indígenas mostrou a dificuldade de acesso à região. Para chegar à área ocupada é necessário atravessar um rio de 50 metros de largura e dois de profundidade. Eles ocupam dois hectares da propriedade que possui um total de 762 hectares e só foram para lá porque tiveram o acampamento que viviam à beira da estrada destruído por pistoleiros. A situação se agravou na última semana.

– O Estado hoje que não respeita o nosso direito. O Estado não considera que nós somos cidadãos, não somos ser humano. O que aconteceu agora recentemente, de sexta para cá, é um suicídio. Na quinta, teve o estupro na aldeia – contou o líder indígena Otoniel Nhanderu.

– Preocupa especialmente em face do histórico de suicídios dessa comunidade. Nos últimos 10 anos, 555 indígenas se suicidaram. Então é possível que, em um cenário de estresse, elas eventualmente sejam estimuladas ou levadas a cometer suicídio. Essa é uma possibilidade – afirma o procurador da República em Mato Grosso do Sul, Marco Antônio Delfino.

Nesta terça, dia 30, os índios se reúnem com a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, para pedir proteção policial. Eles também prometem recorrer a cortes internacionais, como a Organização dos Estados Americanos (OEA).