Chuva atrasa plantio da safra de milho e soja na Argentina

Especialistas começam a rever estimativas de área cultivada no país vizinhoAs chuvas não dão trégua à Argentina e atrasam o plantio de soja e de milho da temporada 2012/2013. Os especialistas começam a rever as estimativas de área cultivada, mas indicam que a produção de 2012/2013 pode ser até maior do que a anterior.

— É pouco provável que a intenção de semeadura seja cumprida e possamos semear tudo — reconheceu Martín Franguío, diretor executivo da Maizar, associação que reúne toda a cadeia do milho.

Ele estimou uma queda entre 10% e 15% na área cultivada com milho, mas a produção não sofreria retrocesso.

— Os melhores campos não estão inundados e o cenário mais pessimista projeta uma produção de 25 milhões toneladas de milho, bem acima do ano passado — afirmou Franguío.

No ano passado, foram cultivados quatro milhões de hectares de milho, que renderam 21 milhões de toneladas, segundo dados do Ministério de Agricultura. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos havia projetado uma produção de 28 milhões de toneladas de milho argentino para esta safra.

Franguío reconheceu que há um forte atraso no plantio do cereal.

— Estamos com apenas 35% da superfície plantada até o momento. Em um ano normal, o índice já estaria em 50%. O excesso de chuvas impossibilita a entrada das máquinas nos campos — detalhou.

Ele explicou que, em decorrência das áreas alagadas ou com excesso de água, os produtores vão aplicar tecnologia de plantio tardio, que tem ganhado importância nos últimos quatro anos.

— A colheita de milho que teve o máximo rendimento no ano passado coincidiu com o plantio tardio e o produtor tem gostado de semear mais tarde porque tem menos risco de perdas — detalhou.

Para o analista da Bolsa de Cereais Buenos Aires, Esteban Colpati, “se continuar chovendo com a mesma intensidade, será preciso analisar a situação do milho, que deve sofrer uma redução de 12%”, estimou.

Soja

No caso da soja, Colpati comentou que o atraso no plantio provocado pelas chuvas não é significativo e pode ser recuperado.

— Na semana passada tivemos um atraso de 4% e isso se acentuará nesta semana, mas não é relevante — disse Colpati.

No entanto, ele reconheceu que o excesso de chuvas “é preocupante”.

O presidente da associação que reúne a cadeia da soja (Acsoja), Miguel Calvo, ponderou que é “um pouco prematuro” para rever projeções.

— Certamente há zonas bastante inundadas, mas como o período de plantio da soja é muito amplo. Creio que é possível sustentar a projeção inicial, que estava entre 19,5 milhões e 19,7 milhões e hectares, para uma produção de 55 milhões de toneladas — argumentou.

Na safra anterior, prejudicada por forte estiagem, a Argentina produziu 41 milhões de toneladas.

Calvo detalhou que as áreas de maior risco, prejudicadas pelo excesso hídrico, estão no norte e centro da Província de Buenos Aires, sul de Santa Fe e leste de Córdoba.

— Em todas estas áreas, os produtores podem esperar até o mês de janeiro para semear, mas é claro que estamos com sinal de alerta amarelo porque tudo vai depender da continuidade e da intensidade das chuvas — afirmou.

Ele disse ainda que, historicamente, em períodos de muita chuva, parte do que se perde com atraso e áreas alagadas, pode ser compensado com maiores rendimentos. A Argentina é o segundo maior produtor de milho, depois dos Estados Unidos, e o terceiro de soja, atrás dos americanos e dos brasileiros. Os argentinos são líderes mundiais na exportação de óleo e farelo de soja.