Crescimento da Índia na exportação de carne bovina preocupa produtores brasileiros

De acordo com especialistas, país asiático está expandindo presença em mercados de destaque do BrasilO crescimento na participação da Índia no mercado mundial de carne bovina gera preocupação para produtores brasileiros. Segundo especialistas que participam em São Paulo nesta sexta, dia 9, do encontro "A Pecuária de Corte no Divã dos Analistas", da Scot Consultoria, o país asiático está expandindo com força a presença em regiões que o Brasil possui destaque, como o Egito e países do Oriente Médio.

– A Índia hoje já é a maior exportadora de carne bovina do mundo (segundo dados do USDA). Ela tem exportado para a China e Egito, mercados importantes para o Brasil hoje – afirma o economista Flávio Abdo.

Para competir com os indianos, reconhecidos pela venda de um produto com menor qualidade, os especialistas apontam o investimento em novos mercados e no marketing da carne brasileira para ampliar os ganhos da pecuária nacional.

Para o head researcher do grupo Minerva, Fabiano Tito Rosa, o maior problema do Brasil ainda é a questão sanitária. Segundo o especialista, o país vende atualmente para cem mercados. Países como os Estados Unidos e a Coreia do Sul, que não aceitam critérios de regionalização da Organização Mundial do Comércio (OMC), impedem uma alta no comércio com mercados mais sofisticados.

Atualmente, os Estados brasileiros possuem status distintos quanto à febre aftosa. Santa Catarina é considerada livre da doença sem vacinação, ao contrário do restante do país, que ainda realiza imunização do rebanho.

– A Índia produz carne barata, ainda com muitos problemas sanitários, mas estão incomodando nos mercados menos sofisticados.  Para compensar, nós precisamos alcançar mercados mais sofisticados, mas ainda temos barreiras sanitárias – explica Rosa.

A concentração de mercados compradores e a falta de um posicionamento claro para a carne brasileira no Exterior são apontados pelo superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari, como os principais impedimentos ao produtor nacional.

– Ainda somos extremamente dependentes da Rússia e da Venezuela. Temos que rever o posicionamento do Brasil no mercado. Falta ainda saber qual a marca do nosso produto lá fora – conclui Vacari.