A desaceleração global e a alta variabilidade climática são os principais desafios para a agricultura regional no curto prazo, segundo o estudo. O momento é favorável, portanto, para um maior investimento do Estado na agricultura, especialmente na área de pesquisa, desenvolvimento e inovação, essencial para o aumento da produtividade.
O Brasil é citado no relatório como um líder na região, sendo considerado, assim como a Argentina, uma potência agroalimentar. O país apresenta a maior proporção de todas as cifras pecuárias na América Latina, o que inclui a metade de todos os suínos e bovinos para carne e leite e cerca de 40% das aves de granja.
Entretanto, a produtividade do país ainda é baixa se comparada com outras da região. O desflorestamento, desnecessário ao aumento da produtividade segundo uma vasta gama de pesquisas na área, também chama a atenção no Brasil – país que mais investe em pesquisas agrícolas na região.
Em relação à posse da terra, o relatório aponta que a região está passando por uma mudança estrutural, incluindo processos de concentração fundiária. A região tem milhões de pequenas fazendas que coexistem com propriedades de médio e grande porte, criando uma estrutura agrária muito heterogênea, na qual a distribuição desigual de bens perpetua e acentua as diferenças de produtividade.
A situação do Brasil exemplifica esta situação dúbia vivida pela região. O país, ao mesmo tempo em que conduz um processo de reforma agrária desde sua redemocratização, em 1985, lidera, junto com a Argentina, o ranking de grilagens na região.
– Um aspecto chave para avançar em direção à erradicação total da fome na região é que os pequenos agricultores tenham maior acesso a recursos como terra. Dado o forte crescimento econômico e agrícola regional, é inaceitável que 49 milhões ainda passem fome – afirmou o Representante Regional da FAO, Raúl Benítez.