Chuvas e colheita da soja precoce podem favorecer ferrugem asiática

Pesquisadores alertam que fungo causador da doença pode ser empurrado pelo clima para as áreas de ciclo médio e tardioA estiagem no início da safra de soja, o vazio sanitário adotado pelos estados produtores e as aplicações de fungicidas na floração da soja conseguiram segurar a incidência da ferrugem asiática na safra 2008/2009.

No entanto, é preciso atenção, a partir de agora, porque além das chuvas frequentes que favorecem a doença, a colheita da soja precoce, em algumas regiões brasileiras, deve empurrar o fungo causador da ferrugem para as áreas de ciclo médio e tardio, avalia a pesquisadora Cláudia Godoy, da Embrapa Soja.

Ela explica que algumas áreas que estão sendo colhidas já perderam o efeito residual dos fungicidas, no entanto, o fungo causador da doença continua se multiplicando. Neste caso, os esporos do fungo, que é disseminado pelo vento, vão buscar novas plantas para se instalar.

? Por isso é importante monitorar a lavoura, mesmo depois de feita a primeira aplicação, nestas áreas, para definir se haverá necessidade de reaplicação e definir qual deve ser o intervalo a ser adotado ? alerta.

De acordo com o Consórcio Antiferrugem, atualmente estão registrados 1.139 focos distribuídos na principais regiões produtoras de soja do país ? Paraná (418), Goiás (193), Mato Grosso do Sul (163), Mato Grosso (131), Rio Grande do Sul (103), Bahia (65), Minas Gerais (28), Santa Catarina (19), São Paulo (9), Rondônia (9) e Maranhão (1).

O gerente técnico da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), Luiz Nery Ribas, diz estar preocupado com aumento de focos nas últimas semanas, em decorrência das chuvas.

? Estamos preocupados porque, no ano passado, as perdas foram maiores na soja de ciclo médio e tardio. É preciso redobrar o monitoramento da safra, apesar de muitos produtores já terem feito aplicações na floração da soja.

Em Goiás, apesar dos 171 focos registrados, a severidade da doença não está alarmante como nos anos anteriores, informa o gerente de pesquisa e produção do CTPA, José Nunes Júnior. Para ele, este cenário é decorrente das condições climáticas que não favoreceram a doença.

? Houve atraso nas chuvas ? explica.

De acordo com Nunes, o sudoeste goiano já está colhendo a soja precoce, mas ainda há muita soja de ciclo médio e tardio.

? Portanto, a pressão do fungo sobre a soja deve ser grande agora. O produtor tem que estar atento e vigilante para evitar as perdas ? recomenda.

Confira a situação da ferrugem em outras regiões produtoras no Sistema de Alerta, que pode ser acessado no endereço eletrônico www.cnpso.embrapa.br.